Entre os traficantes
portugueses destaca-se o português Francisco Pinheiro dono da galera Nossa
Senhora da Atalaia e São Antônio que iniciou suas atividades no tráfico em 1709
e que fazia negócios com o reino de Ajudá (ou Hueda)[1].
Diante dos quase 4 milhões de africanos desembarcados em todo período
português, isso equivale a aproximadamente um quarto do total. Manolo Florentino
argumenta que o grosso dos recursos auferidos pela Coroa vinha de impostos dos
escravos importados da África, venda ou revenda de manufaturados europeus na
colônia e em menor escala do tráfico de escravos, porém Manolo Florentino não
inclui os impostos auferidos com o ouro e as rendas com o comércio de açúcar e
café.[2] Entre alguns membros dessa elite na colônia que lucrava com o tráfico de
escravos da África podemos destacar João Gomes Barrozo, Joaquim Antonio
Ferreira, Francisco José da Rocha, Joaquim Pereira de Almeida, Amaro Velho da
Silva, Fernando Carneiro Leão, Elias Antonio Lopes, José Francisco do Amaral,
Francisco José Guimarães[3].
Antonio Pedrozo de Albuquerque[4] (1798-1878) operava no comércio de escravos e charque. Entre os anos de 1824 e
1829 Antonio Pedrozo organizou pelo menos 22 expedições negreiras para a África,
tendo atuado na década de 1830 quando o tráfico de escravos já era considerado
ilegal, encerrando suas atividades no comércio de escravos somente na década de
1840. Ainda em 1837 foi eleito provedor da Santa Casa de Misericórdia da Bahia,
acontecimento que demonstra sua inserção e aceitação por um restrito grupo da
sociedade baiana. Em 1840 fundou a fábrica têxtil Todos os Santos na Bahia que
se tornou o principal estabelecimento têxtil do Brasil até, pelo menos, a
década de 1870. Em 1852 Antonio Pedrozo fundou a Companhia Santa Cruz de
Navegação a Vapor e em 1853 recebeu do governo imperial o privilégio de 20 anos
para navegação a vapor entre o porto da cidade da Bahia até Maceió, em Alagoas,
ao norte, e até Caravelas, na Bahia, ao sul. Em 1860, liderou a iniciativa de
criação de uma estrada de ferro na Bahia, a Tram Road Paraguassú. Em 1878,
quando de seu falecimento, o Jornal de
Recife estampou em sua primeira página a
notícia da morte do capitalista Pedrozo com fortuna estimada em 12 mil contos
de reis [5].
[1] GOMES, Laurentino.
Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 144
[2] FLORENTINO, Manolo. Em
costas negras, São Paulo: UNESP, 2014, p. 122
[3] FLORENTINO, Manolo. Em
costas negras, São Paulo: UNESP, 2014, p. 194
[4] MATTOSO, Katia M. Queirós. Ser escravo no Brasil. Rio de Janeiro: Editora
Vozes. Edição do Kindle, 2016, p.108
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