As pesquisas de Peter Lund permaneceram por longo tempo ignoradas, só
mais tarde seriam traduzidas e divulgadas por Leônidas Damásio e Henri Gorceix,
contratado, em 1875, para organizar e executar o plano de uma escola de minas,
em Ouro Preto.[1] Os crânios obtidos na gruta de Sumidouro encontram-se no Museu Lund em
Copenhagem, com exceção de um crânio doado ao Instituto Histórico do Rio de
Janeiro.[2] O naturalista francês Jean
Quatrefages passou a designar tais hominídios com “raça de Lagoa Santa”.[3] Para Aníbal Mattos: “O lago santense desconhecia esses objetos ou
por sua condição ínfima de cultura ou por que não tivesse alcançado ainda, na
sua vida primitiva, a prática de certos hábitos sociais relativos aos costumes
de outras tribos, atributos de magia, etc, que não constituem, aliás, sob o
ponto de vista etnológico, senão episódios de povos primitivos em rudimentares
etapas de mesquinha cultura”.[4] Nas grutas de Sumidouro na
divisa entre Lagoa Santa e Pedro Leopoldo em Minas Gerais onde foram
descobertos por Peter Lund em 1840 os espécimes de hominídios mais antigos do
Brasil não foram encontrados vestígios de utensílios ou ferramentas.[5] No complexo Cerca Grande
foi encontrado um nível cultural pré cerâmico. Entre os artefatos de pedra
encontrados em Lagoa Santa encontram-se machados de pedra e pontas de flecha em
quartzo hialino. As técnicas encontradas são bastante rudimentares entre os
quais se destacam os do tipo chopper (talhador)[6] tal como os encontrados no
sítio arqueológico de José Vieira no Paraná.[7] André Prous indica o uso de
técnicas de debitagem bipolar e de retoque sobre bigorna em Lagoa Santa como
técnica de lascamento de pedra[8]. Em Santana do Riacho constatou-se
que o machado polido estava presente há mais de 7 mil anos. Instrumentos de
silimanita foram encontrados muito embora não tenham sido encontrados qualquer
fonte para esse mineral metamórfico, o que sugere deslocamentos de mais de 200
km[9]. Em geral tais ferramentas são feitas de
quartzo, um material difícil de trabalhar. Reinaldo Lopes, contudo, adverte: “não se deixe enganar por esse cenário
aparentemente pouco imaginativo, no entanto. Se o povo de Luzia não era formado
por caçadores formidáveis ou grandes artífices (a respeito desse segundo ponto
ainda temos algumas dúvidas, já que os instrumentos mais complexos podem apenas
ter se perdido, talvez por serem feitos de material perecível), sua vida
cultural e seus rituais parecem ter sido riquíssimos, e pistas preciosas a esse
respeito tem sido achadas no majestoso abrigo da Lapa do Santo”.[10] A descoberta das grutas
de Lagoa Santa foi resultado da exploração de salitre no local. Com as guerras
napoleônicas interrompeu-se o fornecimento de pólvora da Europa despertando a
necessidade de produção local. Data desta época a fundação de uma fábrica de
pólvora no Rio de Janeiro.[11]
Nenhum comentário:
Postar um comentário