Numa representação de uma palavra em hieróglifo alguns
ícones tem a função de conferir um sentido aos ícones anteriores sem que esteja
associado a um som. Assim a palavra khered
– criança é uma composição de três primeiros ícones marcando as letras K, H, D
e um quarto símbolo que representa uma criança com dedo na boca indicando o
contexto daquela palavra. Estes ícones de sentido tem a função adicional de
marcar a separação entre as palavras uma vez que na escrita hieroglífica não há
pontuação ou espaços entre as palavras. Inicialmente representando cada símbolo
uma ideia a escrita hieroglífica passou a incorporar a representação de sons,
assim, para representar “soldado” poderia se combinar o “sol” com um “dado”
dois objetos sem nenhuma relação com o objeto final simbolizado. Como não
usavam vogais, a escrita hieroglífica egípcia nunca se constituiu uma escrita
alfabética.[1] O método hieroglífico era um compromisso entre um sistema alfabético e
pictórico[2]. Estabelecido
desde a primeira dinastia em 3100 a.c. a escrita hieroglífica egípcia sofreu
apenas pequenas variações por cerca de 2500 anos.[3] Descobertas
na tumba U-j do cemitério de Umm el Qaab em Abidos revelaram material epigráfico
que atesta a existência de uma proto escrita na dinastia zero (3200 a.c) antes, portanto, da unificação do Egito na primeira
dinastia de Menés (3100 a.c.),[4] de modo
que há uma relação direta entre o nascimento da escrita e a afirmação da realeza.
Com as medidas tomadas por Teodósio I em 391 de fechar todos os templos pagãos
e diante do incêndio da Biblioteca de Alexandria em 47 a.c. reduz-se cada vez
mais o número de pessoas capazes de compreender os hieróglifos que tornou-se
uma língua morta.[5] Os hieróglifos egípcios poderiam ser lidos da esquerda para a direita, da
direita para esquerda ou verticalmente, dependendo do espaço disponível ou da
imaginação do escriba, sem espaçamentos entre as palavras. A pista para a
direção era a presença de um símbolo representando um pássaro, cobra ou outra
criatura. Gamal Mokhtar[6] mostra
que é pouco provável que a escrita egípcia tenha origem no oriente ou na
Mesopotâmia uma vez que há uma evolução nos símbolos empregados e sempre com
uma correlação com a flora e fauna da região o que denuncia sua origem
africana.
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