domingo, 26 de setembro de 2021

O Tratado de Tordesilhas

 

Jaime Cortesão publicou em 1958 o opúsculo "A Missão dos Padres Matemáticos no Brasil" editado pela Agência Geral do Ultramar em que se refere que os mapas então produzidos eram surpreendentemente rigorosos para os meios da época. Apesar disso, o Mapa das Cortes usado nas negociações do Tratado de Madri por Alexandre de Gusmão foi propositalmente viciado nas longitudes para fins diplomáticos desviando o Brasil meridional para leste, aumentando assim a soberania de Portugal delimitado pelo meridiano de Tordesilhas. A cartografia dos padres matemáticos, por sua vez, foi mantida em segredo pelo reino português.[1] O Tratado de Tordesilhas estabelecido entre Portugal e Espanha nunca foi reconhecido pelos demais países, que não reconheciam tal monopólio e desde o século XVI enviavam navios ao litoral do Brasil que partiam dos portos de Diepe, Saint Malo, Honfleur e Cherbourg na costa da França. O rei da França Francisco I (1515-1547) diante dos protestos de Portugal respondeu ironicamente que desconhecia o testamento de Adão que teria dividido o mundo entre os reis de Portugal e Espanha.[2] Os primeiros navios franceses partiram do porto de Honfleur em 1503 sob comando do capitão Binot Palmier de Gonneville tendo chegado a São Vicente (São Paulo) onde Gonneville ergueu em sinal de posse uma grande cruz de madeira da terra gravando os nomes do papa Alexandre VI e do rei Luís XII da França. [3]

[1] CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o tratado de Madrid, v.II São Paulo: Funag, 2006, p. 332, 333

[2] FILHO, Ivan Alves. História pré colonial do Brasil, Rio de Janeiro: Europa Editora, 1987, p.161

[3] TAVARES, A, Lyra, Brasil França ao longo de 5 séculos, Rio de Janeiro: Bibliex, 1979, p. 62



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