domingo, 26 de setembro de 2021

O papiro de Edwin Smith

 

No Egito receitas cosméticas e médicas foram encontradas em um texto do século XVI a.C o Papiro cirúrgico Edwin Smith[1] descoberto em 1930. O texto é uma cópia de outro texto ainda mais antigo[2], que contém “o conhecimento secreto da deusa Ísis”.[3] Para Berthelot “todo o tipo de processo químico assim como tratamento médico era executado com o acompanhamento de fórmulas religiosas, orações e encantamentos, consideradas essenciais para o sucesso das operações assim como para a cura das doenças”.[4] Breasted contesta a afirmação de Berthelot porém sua crítica é anterior a descoberta do papiro de Edwin Smith, onde são listadas fórmulas terapêuticas e místicas para o tratamento de ferimentos e fraturas, provavelmente com material copiado de outros documentos ainda mais antigos.[5] David Silverman mostra que diversas receitas são acompanhadas de encantamentos de modo que medicina e magia são vistos como uma unidade, como por exemplo a receita 9: “O inimigo que está na ferida é repelido, o mal que está no sangue é expulso, o adversário de Hórus de todos os lados da boca do ISIS não existe mais. Este templo não cai. Não há nenhum inimigo do barco nele. Estou sob a proteção do ISIS. Meu resgate é o filho de Osíris e aquele é Hórus.”[6] O papiro de Edwin Smith inclui cirurgias para reconstrução de nariz e queixos fraturados. Esqueletos encontrados no Vale dos Reis mostram que fraturas sofridas pelos trabalhadores eram restauradas com uso de talas.[7] Jurgen Thorwald destaca que o papiro de Edwin Smith é um documento que trata de um manual de medicina onde não se observam exorcismos ou magia[8]. Cortes menores eram amarrados com pequenas tiras de linho atados com carne fresca. O princípio se baseia numa superstição que usa o ritual da compressão de carne para fechar as feridas da carne, que acaba tendo em efeito empírico satisfatório por atuar a carne neste caso como um fermento hemostático.[9] O papiro de Edwin Smith sugere que os egípcios contavam as batidas do coração ao sentir os vasos sanguíneos com os dedos.[10]

[1] MOKHTAR, Gamal. História geral da África, II: África antiga, Brasília : UNESCO, 2010, p.137 https://pt.wikipedia.org/wiki/Papiro_de_Edwin_Smith

[2] MOSLEY, Michael.Uma história da ciência. Rio de Janeiro:Zahar, 2011, p. 232

[3] ALVAREZ, Lopez. O enigma das pirâmides, São Paulo:Hemus, 1978, p.132

[4] THORNDIKE, Lynn. A History of magic and experimental science, v.I, Columbia University Press, 1923, p.12

[5] ABRIL Cultural, Medicina e Saúde. História da Medicina, v.I, São Paulo, 1970, p. 10

[6] SILVERMAN, David. Wonders of Ancient Egypt Semana 4 Magic: Part 1 https://www.coursera.org/learn/wonders-ancient-egypt/lecture/

[7] MILLER, Russel. A verdade por trás da história: as novas revelações que estão mudando nossa visão do passado. Rio de Janeiro:Reader’s Digest, 2006, p.246

[8] THORWALD, Jurgen. O segredo dos médicos antigos. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.51

[9] THORWALD, Jurgen. O segredo dos médicos antigos. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.57

[10] THORWALD, Jurgen. O segredo dos médicos antigos. São Paulo: Melhoramentos, 1990, p.58



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