Na época saíta (XXVI Dinastia 672 – 525 a.c.) o profeta Jeremias (43:7; 44:1) descreve a chegada dos judeus ao Baixo Egito após o exílio na Babilônia. Exodo 1:8 se refere aos judeus como escravos sob o reinado de Ramsés, contudo, a referência mais antiga a Israel entre os egípcios é a campanha empreendida pelo sucessor de Ramssés II, Merneptah (1213-1203 a.c.) contra cidades palestinas tal como consta na estela de Merneptá (texto nº 21)[1]. Há registros egípcios nas cartas de Tell El Amarna de que na região de Canaã haviam escravos estrangeiros e prisioneiros de guerra denominados pelo termo acádio de Habiru ou Apiru[2] que alguns pesquisadores acreditam ser uma referência ao povo hebreu[3]. Paul Johnson observa que o termo não significava um determinado grupo racial ou étnico mas pessoas inferiores empregadas em trabalhos forçados.[4] A mesma referência é encontrada entre os povos da Mesopotâmia[5] em escrita cuneiforme no período de 1700 a 1300 a.c.[6] O termo sumério expressa um ato de banditismo e se refere a um bandido ou vagabundo.[7] Segundo Sophie Desplancques os egícios se consideravam os responsáveis pela ordem do mundo (maat) de modo que o estrangeiros representam o caos, o inimigo: “por ser diferente, ele deve ser destruído e totalmente subjugado”[8], ainda que possam ser registrados períodos de grande aculturação como na dinastia núbia (25ª dinastia). Na tumba de Tutmosis III (1479-1425 a.c.) da XVIII dinastia tem suas paredes a 12ª oração que trata daqueles que morreram com ele na “grande inundação”, o que pode ser uma referência ao êxodo do Egito. O papiro de Ipuwer na biblioteca de Leiden se refere ao que seriam as pragas do Egito, em que o Nilo virou sangue, os animais morrem nos campos sem que ninguém os recolha e os escravos saíram do Egito com o ouro em seu pescoço.[9]
[1] Desplancques,
Sophie. Egito Antigo (Encyclopaedia) . L&PM Pocket. Edição do Kindle, 2021, p.1032/1492 https://pt.wikipedia.org/wiki/Estela_de_Mernept%C3%A1
[2] ROBERTS, J.M. history of the world, Oxford University Press, 1992,
p.87; HARRIS, J. O legado do Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.269;
BOORSTIN, Daniel. Os
criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.61
[3] STEVERS, Martin. A
inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.246
[4] JOHNSON, Paul. História
Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 126
[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/Habiru
[6] KRAMER, Samuel.
Mesopotâmia o berço da civilização, Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 166
[7] BOUZON, Emanuel. As
cartas de Hammurabi. Rio de Janeiro:Vozes, 1986, p. 69
[8] Desplancques, Sophie. Egito Antigo (Encyclopaedia) . L&PM Pocket. Edição do Kindle, 2021, p.142/1492
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