segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Cânon das proporções egípcio

 

Para a construção das pirâmides era usado o cúbito real, de comprimento equivalente ao do cotovelo à ponta do dedo médio do faraó[1]. A padronização das medidas corporais levou a um sistema de proporções humanas, um canon de proporções elementar com base em medições antropométricas, seguido assiduamente nas oficinas. Algumas das grades geralmente, eram feitas em tinta vermelha e ainda sobrevivem nas paredes de alguns túmulos. O primeiro canon de proporção era baseado no cotovelo curto que é a distância entre o cotovelo e a ponta do dedo polegar, padronizado em 45 cm.[2] Tais proporções precisas foram seguidas da terceira dinastia em 2980 a 2900 a.c. a vigésima sexta dinastia 663 a 525 a.c.), de tal modo que o corpo de um dos faraós era desenhado sempre jovem, refletindo o conceito e imortalidade.[3] Paul Johnson observa que a grade canônica de 8 quadrados permaneceu inalterada por dois mil anos.[4] Flinders Petrie mostra que o mesmo cúbito real egípcio pode ser encontrado em mapa do palácio caldeu de Gudea.[5] O número total de linhas, passou de 18 e um quarto para 21,5 como se pode ver na figura do túmulo de Nespakashuty. Uma história apócrifa de à história que Diodoro Siculus escrita no primeiro século aC descreveu um incidente, que dois escultores gregos de Samos, que havia vivido vários séculos antes construíram cada um uma metade de uma estátua de Apolo, seguindo o cânone de proporções egípcio. Ao juntarem as duas partes, observou-se um enceixe perfeito de proporções das duas peças construídas de forma independente, o que mostra o rigor da técnica, que os egípcios associavam ao equilíbrio de Maat. [6] Seshat (ou Sefekht) é a deusa das medidas, a consorte de Thoth[7] e normalmente encontradas nas inscrições em que há a representação da fundação de um novo templo, está ligada ao processo criativo.[8] Henry Hodges observa que a fixação de padrões de medidas no Egito e Mesopotâmia ocorre antes da construção das pirâmides e zigurates, respectivamente[9]. O arquiteto francês Eugène Violet le Duc (1814-1880) afrma que os egípcios fixavam as proporções por meio de triângulos, uma dos quais o triângulo isósceles de base 4 e altura igual a 2 ½ tal qual a seção da pirâmide de Gizé. Outro triângulo era o retângulo 3, 4, 5.[10]



[1] HARRIS, J. O legado do Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.71; DEARY, Terry. Espantosos egípcios, São Paulo:Melhoramentos, 2004, p. 127; JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 186

[2] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 160

[3] BOORSTIN, Daniel. Os criadores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1995, p.203

[4] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 295

[5] MASPERO, Gaston. History Of Egypt, Chaldæa, Syria, Babylonia, and Assyria, v. 3, London:Grolier Society, 1896. http://www.gutenberg.org/files/17323/17323-h/17323-h.htm

[6] SILVERMAN, David. Wonders of Ancient Egypt Semana 2 Principles of Egyptian Art: Part 3 https://www.coursera.org/learn/wonders-ancient-egypt/lecture/

[7] DAVID, Silverman. Introduction to Ancient Egypt and Its Civilization, Semana 4, Gods and Goddesses Part 2, 2021 https://www.coursera.org/learn/introancientegypt/

[8] WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 80

[9] HODGES, Henry. Technology in the ancient world, New York: Barnes & Noble Books, 1970, p. 128

[10] FILHO, Adolfo Morales de los Rios. Teoria e filosofia da arquitetura, Rio de Janeiro: A Noite, 1955, p. 311



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