sábado, 11 de setembro de 2021

As irmandades do Brasil colonial como instituições de crédito

 

Stuart Schwartz mostra as Irmandades como a Ordem Terceira de São Francisco e a Ordem Terceira do Carmo constituíam uma das principais fontes de crédito na colônia ao emprestarem dinheiro a juros.[1] Membros sem filhos legavam toda a sua fortuna acumulada em mineração à Irmandades. João de Matos por exemplo entregou um legado de 80 mil cruzados à Misericórdia da Bahia. Jorge Souza mostra que o capitão Pero de Lima devia 400 contos ao mosteiro dos beneditinos de Salvador.[2] No Rio de Janeiro o mosteiro de São Bento mantinha créditos de mais de mil e quatros contos com a elite da capital como o general Salvador Correia de Sá[3]. No século XVII a maior parte dos empréstimos realizados na Bahia eram concedidos pela Santa Casa de Misericórdia de Salvador.[4] Jorge Caldeira aponta o papel das Irmandades no fomento da economia local.[5] Em seu estudo das corporações de ofícios no Rio de Janeiro de 1820 a 1850 Eulália Lobo mostra que “As irmandades e as corporações desempenhavam importante papel mesmo depois do fechamento oficial das corporações, em 1824. As irmandades funcionavam como bancos, defendiam os interesses das corporações”. Oliveira Lima se refere a que “Nos tempos coloniais quase não se fazia negócio algum a crédito, nem se punha comumente dinheiro a juros no Brasil: entesourava-se no pé de meia e vendia-se contado. Nem se formava ideia exata do valor e influência do capital, ou se emprestava”.[6]

[1] SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 180; CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.107

[2] BOXER, Charles. A idade de ouro do Brasil. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1969, p. 156

[3] SOUZA, Jorge Vitor. Para além do claustro: uma história social da inserção beneditina na américa portuguesa, 1580-1690, Rio de Janeorp, UFF, 2014, p. 203

[4] FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo; FARIA, Sheila de Castro. A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX), São Paulo:Atual Editora, 1998, p.42

[5] CALDEIRA, Jorge. A nação mercantilista, São Paulo:Ed. 34, 1999, p. 154

[6] LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil, 2021, Edições Kindle, p.3758/14482




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