sábado, 11 de setembro de 2021

A pirâmide escalonada de Djoser

 

Daniel Boorstin mostra a evolução da tecnologia da construção de pirâmides entre os egípcios. A pirâmide em Degraus, obra de alvenaria de pequenos blocos foi construída para ser o túmulo de Djoser (Zoser ou Netjerikhet segundo selos da época[1]) (2630-2611 a.c.) segundo rei da terceira dinastia (2649-2575 a.c.), a pouco mais de um século da construção de Quéops / Khufu, também chamada por Khuit, o “horizonte” em que o Sol era encoberto a cada manhã no horizonte[2]. Djoser, é a primeira estrutura monumental no mundo, construída inteiramente em pedra. O tamanho das pedras contudo são muito menores que as que serão usadas na pirâmide de Quéops, o que poderia sugerir a preocupação do arquiteto Imhotep que qualquer coisa em tamanho maior que o tradicional tijolo de barro poderia não sustentar o peso da estrutura. Para pirâmide real de Sakara, Imhotep, vizir do rei Zoser[3] (2580 a.c.) usa pedras, uma técnica revolucionária.[4] A pirâmide teve início numa mastaba sobre a qual duas outras foram superpostas. Partindo desta base três outras construções em degraus foram acrescidas até ganhar a forma final da pirâmide de degraus construção que alcançava 60 metros de altura tendo 121 por 109 metros na base. Jean Philippe Lauer acredita que a pirâmide de Djoser foi construída em seis diferentes estágios. Sua orientação é norte sul ao invés de leste oeste como nas pirâmides de Gizé. [5] A pesada estrutura tinha como objetivo dificultar as pilhagens comuns nas mastabas mais simples. A palavra mastaba significa “banco” em árabe[6], ou “barco” segundo Guilherme Oncken[7]. As sepulturas assim chamadas se parecem com bancos que ficam do lado de fora das casas dos egípcios[8]. Meio século depois no chamado tempo da Esfinge os egípcios já lidavam com pedras de trinta toneladas. Nesse processo algumas pirâmides ruíram como a pirâmide de Degraus de Sekhemkhet, sucessor de Djoser.  Formalidades rituais eram rigorosamente cumpridas para a escolha do local da construção dos templos, conforme orientação do livro das fundações dos templos redigido por Imhotep, sendo as construções orientadas pelo primeiro sacerdote de Ptah o Deus das artes, o divino artífice o Fogo Criativo também representado como Hefaístos pelos gregose Vulcano pelos romanos.[9] A conversão  das mastabas em pirâmide escalonada  pode estar relacionada com o encantamento 267 gravado  nas galerias das pirâmides da quinta dinastia em que se diz: “foi colocada uma escada pela qual ao faraó possa subir ao ceu”.[10] Imhotep implementou técnicas como o pilar de pedra e a arquitrave além do uso de caneluras abstratas em suas colunas.[11] Para compensar as forças laterais que atuavam nas pedras que montavam as pirâmides Imhotep inventou paredes de apoio inclinadas para dentro que garantindo a estabilidade do conjunto, sendo invisíveis do exterior[12]

[1] Desplancques, Sophie. Egito Antigo (Encyclopaedia) . L&PM Pocket. Edição do Kindle, 2021,  p.513/1492

[2] MASPERO, Gaston. History Of Egypt, Chaldæa, Syria, Babylonia, and Assyria, v. 2, London:Grolier Society, 1896. http://www.gutenberg.org/files/17322/17322-h/17322-h.htm

[3] MOKHTAR, Gamal. História geral da África, II: África antiga, Brasília : UNESCO, 2010, p.144

[4] STROUHAL, Eugen. A vida no antigo Egito. Barcelona:Folio, 2007, p. 69

[5] TORRES, Inês, Module 4: History and methods of pyramid construction. Harvard online Courses: Pyramids of Giza: Ancient Egyptian Art and Archaeology, 2018. https://online-learning.harvard.edu/course/pyramids-giza-ancient-egyptian-art-and-archaeology?offset=12

[6] EDWARDS, J. As pirâmides do Egito, Rio de Janeiro:Record, 1985, p.37

[7] ONCKEN, Guilherme. História Universal. História do Antigo Egito, v.I, Rio de Janeiro:Bertrand, p.85

[8] CASSON, Lionel. O antigo Egito. Rio de Janeiro:José Olympio, 1969, p.125

[9] MATTOSO, Antonio. História da civilização, Lisboa:Ed Sá da Costa, 1952, p.58; WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 195

[10] TOTH, Max; NIELSEN, Greg. A força das pirâmides, São Paulo:Record, 1976, p.89

[11] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 48

[12] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 78





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...