Para o abade Henri Breuil as
evidências mostram que estes homens das cavernas eram ao mesmo tempo artistas e
magos[1], uma forma de “magia
simpática”. Para Henri Breuil: “nas
cavernas do período glaciário o homem sonhou pela primeira vez, inconsciente e
vagamente ainda, com uma arte grandiosa e com as possibilidades do ser humano”.[2] Para o abade Henri Breuil
os desenhos eram parte de cerimônias secretas conduzidos por curandeiros e
iniciados. Marcellin Boule, no entanto, observa que para um ritual mágico não
seriam necessários pinturas tão bem feitas, o que revela um inerente amor à
arte[3]. Bastões feitos de presas
de mamute adornados com figuras de animais mostram o caráter mágico da época.[4] Para Herbert Wendt: “não foi apenas pelo prazer do adorno e da
beleza, por motivos religiosos e nem tampouco somente para propiciar a caça com
fetiches, mas por uma profunda necessidade humana que reunia todos esses
motivos, que os homens primitivos do princípio do aurignaciano se foram
tornando pouco a pouco criadores e artistas”.[5] Para o filósofo Pierre
Lecomte Du Nouy: “O madalenense é um grande
artista. As pinturas com que ele ornamentou as suas cavernas são em muitos
casos admiráveis. Estas manifestações inúteis (tomo esta palavra no sentido não
absolutamente necessárias para conservar ou defender a vida) marcam a data mais
importante de toda a história dos seres organizados. São a prova do progresso
do espírito humano, no sentido de afastamento do animal. Os atos inúteis do
homem são na realidade os únicos que contam: levam consigo o germe das ideias
abstratas, o germe das ideias de Deus, desligado do terror puro, o germe da
moral, da filosofia, da ciência [....] se houvesse necessidade de uma prova da
diferença fundamental, essencial entre o homem e o animal, o aparecimento
imprevisto, inconcebível dos atos inúteis a forneceria”.[6] Por sua vez, sob a influência do estruturalismo da década de 1960 Annette
Emperarie e André Gourhan argumentam que as pinturas rupestres apresentam uma
estrutura que encontra correspondência a um modelo de sociedade.[7]
[1] SENET, André. O homem
descobre seus antepassados, Belo Horizonte:Itatiaia, 1964, p.93
[2] WENDT, Herbert. A
procura de Adão. São Paulo:Melhoramentos, 1965, p. 269
[3] STEVERS, Martin. A
inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.124
[4] STEVERS, Martin. A
inteligência através dos séculos. São Paulo:Globo, 1946, p.125
[5] WENDT, Herbert. A
procura de Adão. São Paulo:Melhoramentos, 1965, p. 263
[6] CARVALHO, Benjamin de
Araújo. A história da arquitetura, Rio de Janeiro:Edições de Ouro, p.17
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