segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Portugal e o preço da proteção dos ingleses

 

A figura do juiz conservador fora introduzida na metrópole com o acordo de 1654 de Portugal com a Inglaterra de Cronwell.[1] Pelo acordo com os ingleses para garantir a independência dos espanhóis, os portugueses não poderiam fretar navios de outras nações enquanto houvesse no porto navios ingleses e nenhum inglês poderia ser preso  sem permissão do seu juiz conservador. Na avaliação de Oliveira Martins: “era impossível descer mais fundo, baixar mais, abdicar de um modo mais completo a independência, que se debatia contra o espanhol, e se sacrificava, assim ao inglês [...] Pelo tratado de 1654 a Inglaterra ficara-nos possuindo; por este acordo de 1661 tutelou-nos, declarando-nos pródigos e ineptos; encarregava-se de nos defender, mas, como um bom tutor, vendeu-nos. Não nos defendeu na Europa, porque a monarquia dos Stuart era, em Inglaterra, a obra da França; nem no ultramar, porque nos impôs o tratado de paz com a Holanda (1662) em que desistimos formalmente de todas as pretensões e de todos os direitos. Da longa campanha diplomática da Restauração (após o domínio espanhol 1580-1640) através de todos os incidentes, holandeses e franceses, resultava este fato que ficou pesando por dois séculos sobre o novo Portugal: o protetorado inglês. Protetorado, sempre se traduziu, na linguagem real da história, por exploração: é um eufemismo diplomático”[2] Manoel Albuquerque mostra que a dependência econômica de Portugal em relação ao Brasil tendeu a aumentar especialmente após o Tratado de Haia em 1661, após a Restauração portuguesa em 1640, pelo qual as Províncias Unidas dos Países Baixos, pressionadas pela Inglaterra e pela má situação financeira da Companhia das Índias Ocidentais, concordou em que Portugal conservasse suas colônias no Brasil e Angola e recebiam uma indenização de quatro milhões de cruzados (equivalentes a 4,5 toneladas de ouro) pela expulsão de sua colônia no nordeste brasileiro.[3] Pelo acordo Portugal cede Portugal cedeu o Ceilão (atual Sri Lanka) e as Malabar à República Holandesa.



[1] SODRÉ, Nelson Werneck. As razões da independência, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira,1978, p.116

[2] MARTINS, Oliveira. História de Portugal, Lisboa:Versial, 2010, p. 330, 331, Edições Kindle

[3] ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 147, 201



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