sábado, 14 de agosto de 2021

Pioneiros estrangeiros da indústria brasileira

 

Muitas destas iniciativas industriais são de imigrantes como Francisco Matarazzo, José Pereira Ignacio, Ernesto Diederichsen, Egydio Gamba, os irmãos Puglini Carbone, os Jaffet, Rodolfo Crespi[1] (na figura Tecelagem Regoli Crespi em São Paulo em foto de 1897), os Hermann Hering[2], Jorge Street e Nicolau Scarpa em tecelagens, Abramo Eberle em funilaria[3], os Klabin em papel, Otto e Alfreid Weiszflog em papel (Melhoramentos)[4], a ponto de Francisco Matarazzo afirmar: “O Brasil é filho de Portugal, mas São Paulo é filha da Itália”. Warren Dean mostra que esses pioneiros estrangeiros eram em sua grande maioria vindos de família de classe média e tinham instrução técnica ou experiência no comércio ou manufatura antes de virem ao Brasil. Algumas poucas exceções haviam ascendido  como operários de fábricas e mascates como Dante Ramenzoni fabricante de chapéus e Nicolau Scarpa dono de moinhos e fábricas de tecidos. Para Warren Dean há uma forte correlação entre o comércio exterior, sobretudo o de importação, e a origem da industrialização, em especial por parte da chamada “burguesia imigrante” de modo que o café, principal produto da pauta do comércio exportador tinha um papel importante na capitalização destas atividades industriais pioneiras. Esta tese se opõe a de Roberto Simonsen que entendia haver um grande obstáculo da produção cafeeira à industrialização ou a Jacob Gorender que entendia estar no artesanato local a matriz dos primeiros empreendimentos industriais.[5]



[1] DEAN, Warren. A industrialização durante a República Velha. In: In: FAUSTO, Boris. O Brasil Republicano, tomo III, v. I Estrutura de poder e economia (1889-1930), São Paulo:Difel, 1977, p.270

[2] Nosso Século 1910-1930, v.1, São Paulo:Abril Cultural, p.98; NOVAIS, Fernando. História da vida privada no Brasil , v.2, São Paulo:Companhia das Letras, 2019. Edição do Kindle, p.282

[3] Nosso Século 1910-1930, v.2, São Paulo:Abril Cultural, p.14; https://pt.wikipedia.org/wiki/Abramo_Eberle

[4] LUCA, Tania Regina. Indústria e trabalho na história do Brasil, São Paulo: Contexto, 2001, p. 22

[5] CARVALHO, José Murilo. A construção nacional 1830-1889, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 215



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