Vitrúvio elabora um sistema de construção baseado nas proporções humanas assim as colunas dóricas eram masculinas e as coríntias femininas[1]. O capitel de uma coluna identificava-se com a cabeça humana, enquanto que a coluna era o torso e a base os pés. [2] O capitel dórico foi criado em Peloponeso no século VII a.c., o jônico a leste do Egeu no século seguinte e o coríntio nos últimos anos do século V a.c.[3]. O capitel coríntio é caracterizado pela forma de cesta de flores cheia de folhagens, com duas ou três folhas recortadas de acanto, superpostas das quais brotam talos ou calículos. Segundo Vitrúvio foi uma criação de Calímaco, ourives de Corinto de modo que os traços do capitel e finos detalhes se obtém naturalmente ao enrolar uma lâmina metálica, sendo o monumento de Lisícrates um exemplo típico.[4] O capite dórico é extremamente simples, o jônico, mais complexo, e o coríntio caracterizado pelo excesso de adornos. [5] Moses Finlay observa que a ordem coríntia não é de modo algum uma ordem independente, mas uma derivação do jônico, e de qualquer forma de pouca importância na arquitetura grega, assumindo maior destaque nos tempos de Roma[6]. Os arquitetos gregos sabiam que um cilindro perfeito olhado de certa distância dá a falsa sensação de que é mais estreito no meio de sua altura e por esta razão engrossavam as suas colunas neste ponto transformando as geratrizes retas em curvas que denominavam êntase. Vitrúvio descreve outras técnicas: um frontão exatamente aprumado parece que está caindo para trás de modo que para anular este efeito eram construídos desaprumados, como se estivessem caindo para frente, na verdade tratam-se de deformações mínimas que representam precauções que não foram tomadas em obras modernas como o Panteão de Paris.[7] Peter Kidson mostra que existe um mito de que os princípios matemáticos da arquitetura grega foram perdidas com os séculos e seriam somente retomados com os arquitetos italianos renascentistas, quando na verdade o que se observa é uma continuidade desta tradição. Peter Kidson mostra também que Vitrúvio como arquiteto romano faz um relato impreciso da arquitetura grega procurando mostrar a superioridade dos romanos.[8]
[1] JARDÉ, A. A Grécia
antiga e a vida grega, São Paulo:Epusp, 1977, p.100
[2] CORNELL, Tim; MATHEWS,
John. Renascimento v.I , Grandes Impérios e Civilizações, Lisboa:Ed. Del Prado,
1997, p. 70
[3] FINLEY, Moses. Los
griegos de la antiguedad. Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 191
[4] CARVALHO, Benjamin de
Araújo. A história da arquitetura, Rio de Janeiro:Edições de Ouro, p.154
[5] JONES, Lloyd Jones. O mundo grego, Rio de Janeiro: Zahar, 1965, p. 210
[6] FINLEY, Moses. Los griegos de la antiguedad.
Barcelona: Editorial Labor, 1966, p. 166
[7] CARVALHO, Benjamin de
Araújo. A história da arquitetura, Rio de Janeiro:Edições de Ouro, p.156
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