sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O impacto da política econômica de Pombal no Brasil

 

No Brasil, com a política do marquês de Pombal com a criação da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba houve um incremento produção e exportação do açúcar nas capitanias de sua ação[1]. A Companhia do Grão Pará e Maranhão manteve uma manufatura de tecido no Pará por volta de 1770.[2] O Palácio dos Governadores de 1767 em Belém do Pará (na figura) e a contratação de arquitetos conceituados  como o italiano Antonio José Landi para obras como a Catedral Metropolitana (1755-1782) era uma mostra dos rendimentos alcançados pela Companhia.[3] O governador de Minas Gerais, Antonio de Noronha relatou a existência de diversos estabelecimentos manufatureiros na capitania em 1775. A redução do ciclo do ouro estimulou o regime pombalino a promover as novas manufaturas no intuito de reduzir as importações inglesas[4]. A junta de comércio ajudou a instalar uma fábrica de couro de Feliciano Gomes no Rio de Janeiro em 1769 e a de Costa Moreira em Pernambuco em 1772. Segundo Kenneth Maxwell: “todos esses desenvolvimentos nas atividades de manufatura e processamento contradiziam práticas mercantilistas clássicas e assinalaram uma grande inovação na política colonial portuguesa”.[5] Durante a administração pombalina Portugal logrou em reduzir em 70% seu déficit comercial do Reino com a Inglaterra, aumentando as exportações em 34% e tendo reduzido as importações em 44%. O déficit com a Inglaterra que era de um milhão de libras esterlinas entre 1756 e 1760 passou a cerca de 250 mil libras esterlinas entre 1771 e 1775, o que mostra o bem sucedido processo de substituição de importações de manufaturas e, em maior medida, a criação das companhias monopolistas de comércio.[6] O Tratado de Methuen de 1703 com a Inglaterra mencionava especificamente os tecidos de lã de modo que o estabelecimento de fábricas para produção de tecidos de algodão não representavam uma violação do Tratado.[7] Stuart Schwartz identifica no período de Pombal uma fase de ressurgimento da inovação na economia açucareira colonial, influenciado por doutrina fisiocratas com a incorporação de técnicas usadas entre os concorrentes das colônias portuguesas: “a prosperidade estimulou a experimentação e a busca de melhoramentos entre os senhores de engenho baianos” como por exemplo a introdução da variedade de cana denominada “cana crioula” trazida da Madeira ou a “cana caiena” trazida da Guiana.[8] Segundo informação Geral da Capitania de Pernambuco em 1749 assinala a existência de 202 engenhos, número que experimentaria crescimento com as medidas de Pombal com a criação da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba em 1759 o que elevou o número de engenhos para 369 em 1777.[9]

[1] VIANNA, Helio. História do Brasil, primeira parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.316

[2] MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do iluminismo, Rio de Janeiro:Paz e terra, 1996, p.97, 150

[3] GARCIA, Fernando Cacciatore. Como escrever a história do Brasil, Porto Alegre: Sulina, 2014, p. 410

[4] MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do iluminismo, Rio de Janeiro:Paz e terra, 1996, p.176

[5] MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do iluminismo, Rio de Janeiro:Paz e terra, 1996, p.134

[6] GARCIA, Fernando Cacciatore. Como escrever a história do Brasil, Porto Alegre: Sulina, 2014, p. 413

[7] MAXWELL, Kenneth. Marquês de Pombal: paradoxo do iluminismo, Rio de Janeiro:Paz e terra, 1996, p.146

[8] SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 348

[9] ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 66



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