O estoicismo é apontado por Fustel Coulanges como
emancipador do indivíduo, libertando-o das regras rigorosas da legião municipal
baseada no culto dos ancestrais: “ideias
mais elevadas conclamavam os homens formar sociedades mais amplas”.[1] Para os
estoicos dentro de uma concepção animista e teleológica as almas individuais
são uma parte da alma universal do mundo de modo que todas as coisas tem uma
relação umas com as outras, onde cada uma deve ocupar o seu lugar natural para
cumprir plenamente sua finalidade.[2] Se o
homem desempenha a finalidade a qual foi criado, ele se integra no todo do cosmos
e ganha a eternidade junto à divindade que é imanente ao universo. O imperador
estoico Marco Aurélio na sua obra Meditações destaca os traços de uma
individualidade com origem nos gregos.[3] Marco
Aurélio (figura) destaca a unidade como fundamento de todo o bem a ser perseguido, de
modo que tudo está interligado: “Se por acaso viste alguma vez uma mão, ou
um pé ou uma cabeça cortados permanecerem separados do resto do corpo; assim é
a imagem daquele que se nega, na medida em que
está em seu poder, a aceitar o
que acontece ou se desliga da unidade ou realiza coisas contrárias à sociedade”.[4] Segundo
Epiteto: “A inteligência, a ciência, a razão reta: eis aqui, absolutamente a
essência do bem”.[5] A máxima
estoica era a de viver em harmonia com a natureza. Julio Capitolino descreve o
período em que Marco Aurélio foi imperador como uma época em que “Todos os homens são irmãos, cada um por si
mesmo é cidadão no mundo [;..] Durante seu reinado o povo gozou de tanta
liberdade como nos tempos da República, mantinha, em todos os assuntos, uma
extraordinária moderação para afastar os homens do mal e animá-los na prática do
bem, premiando-os abundantemente tratando-os com indulgência, dentro da
severidade das leis”. [6] Apesar disso Mario Giordani lembra que sob o
reinado de Marco Aurélio não foi revogada as leis que perseguiam os cristãos
mantendo-a “talvez com uma dose maior de
inflexibilidade desdenhosa”.[7] Os
estoicos divinizaram a natureza na medida em que defendiam a presença de um
espirito – pneuma, a “alma do mundo”, que permearia o mundo
natural, e que penetraria todos os corpos e preencheria todos os espaços, como
força dinamizadora do cosmos[8],
antecipando o conceito de “éter” que
seria retomado no século XVII com Descartes, Boyle e Newton ou o “fluido magnético” de Mesmer condutor de
uma “simpatia universal” entre os
corpos.[9]
Nenhum comentário:
Postar um comentário