Atenas se destaca como cidade cosmopolita que acolhia estrangeiros e promovia um ambiente de valores democráticos. Críticos apontam que a democracia grega se restringia aos cidadãos e excluía estrangeiros, mulheres e escravos. Lloyd Jones considera injusta a crítica e anacrônica, pois Atenas deve ser compreendido tendo-se em vista o contexto de sua época. A principal restrição aos estrangeiros era de não serem proprietários de casas, que poderiam apenas alugar, mas estes eram bem integrados e não poucas vezes ajudavam a cidade em momentos de dificuldade. Quanto à exclusão das mulheres Llloyd Jones lembra que o direito ao voto na Inglaterra aparece apenas no início do século XX. Quanto aos escravos, à sua época era uma instituição natural e praticada por diversos outros povos. A Assembleia ateniense que formada segundo Sócrates de lavadeiros, sapateiros, carpinteiros, ferreiros, camponeses, mercadores, o que despertava a crítica de aristocratas: “a democracia ateniense não era uma farsa. È certo que se limitava aos atenienses descendentes de atenienses, mas o conjunto de cidadãos compreendia todas as classes, desde os mais ricos aos mais pobres e eram estes, os camponeses e trabalhadores braçais, que constituíam a maioria”. Todos os cidadãos poderiam votar, assim como probnunciar discursos e apresentar moções na Assembleia reunida no monte Pnys, em frente à Acrópole.[1] Sob a democracia ateniense grega do século V a.c. o Estado não conhece famílias, mas unicamente indivíduos de mesmo valor, princípio que se opõe ao regime oligárquico.[2] Na pólis grega a ágora, o mercado de Atenas, a se estabelece como espaço democrático, espaço de sociabilidade urbana e que inclui também o comércio de produtos diversos.[3] Segundo Coulanges a democracia grega ao quebrar a influência das entidades familiares, fundamentados no culto dos lares, flexibilizou não apenas as leis, mas as mentalidades para uma perspectiva mais aberta em direção ao futuro: “As antigas constituições, baseadas nas regras do culto, proclamavam-se infalíveis e imutáveis, tinham tido o vigor e a rigidez da religião. Sólon mostrava com essa única frase que, para o futuro, as constituições políticas deveriam conformar-se com as necessidades, costumes e interesses dos homens de cada época. Já não se tratava de verdade absoluta, daqui em diante as regras de governo deviam-se mostrar-se flexíveis e variáveis”.[4] Aristóteles dirá que o homem é um animal político “que vive na pólis”, o seja, a polis e não o núcleo familiar é o cerne da civilização grega.[5] Para Edith Hall o espírito grego profundamente competitivo, mestres da palavra escrita, da representação teatral conseguiu na democracia ateniense atingir o ápice da criatividade com uma característica indubitavelmente voltada para a abertura, inovação, adoção de ideias do exterior e acolhimento dos direitos dos estrangeiros residentes na polis grega conhecidos como metecos.[6]
[1] JONES, Lloyd Jones. O mundo grego, Rio de Janeiro: Zahar, 1965, p. 71
[2] GLOTZ, Gustave. A
cidade grega. São Paulo:DIFEL, 1980, p.108
[3] MUMFORD, Lewis. A
cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 168
[4] COULANGES, Fustel. A
cidade antiga, São Paulo: Hemus, 1976, p.254
[5] FUNARI, Pedro. Grécia e
Roma, São Paulo:Contexto, 2004, p.49
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