sábado, 28 de agosto de 2021

O crédito no século XIX

 

Stuart Schwartz (figura) mostra as Irmandades como a Ordem Terceira de São Francisco e a Ordem Terceira do Carmo constituíam uma das principais fontes de crédito na colônia ao emprestarem dinheiro a juros.[1] Jorge Souza mostra que o capitão Pero de Lima devia 400 contos ao mosteiro dos beneditinos de Salvador. No Rio de Janeiro o mosteiro de São Bento mantinha créditos de mais de mil e quatros contos com a elite da capital como o general Salvador Correia de Sá[2]. No século XVII a maior parte dos empréstimos realizados na Bahia eram concedidos pela Santa Casa de Misericórdia de Salvador.[3] Jorge Caldeira aponta o papel das Irmandades no fomento da economia local.[4] Em seu estudo das corporações de ofícios no Rio de Janeiro de 1820 a 1850 Eulália Lobo mostra que “As irmandades e as corporações desempenhavam importante papel mesmo depois do fechamento oficial das corporações, em 1824. As irmandades funcionavam como bancos, defendiam os interesses das corporações”. Oliveira Lima se refere a que “Nos tempos coloniais quase não se fazia negócio algum a crédito, nem se punha comumente dinheiro a juros no Brasil: entesourava-se no pé de meia e vendia-se contado. Nem se formava ideia exata do valor e influência do capital, ou se emprestava”.[5]

[1] SCHWARTZ, Stuart. Segredos internos: engenhos e escravos na sociedade colonial. São Paulo: Cia das Letras, 1988, p. 180; CALDEIRA, Jorge. História da Riqueza no Brasil, Rio de Janeiro:Estação Brasil, 2017, p.107

[2] SOUZA, Jorge Vitor. Para além do claustro: uma história social da inserção beneditina na américa portuguesa, 1580-1690, Rio de Janeorp, UFF, 2014, p. 203

[3] FRAGOSO, João; FLORENTINO, Manolo; FARIA, Sheila de Castro. A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX), São Paulo:Atual Editora, 1998, p.42

[4] CALDEIRA, Jorge. A nação mercantilista, São Paulo:Ed. 34, 1999, p. 154

[5] LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil, 2021, Edições Kindle, p.3758/14482



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...