domingo, 1 de agosto de 2021

Matt o modelo de justiça no Egito

 

As Casas da Vida funcionavam como um ponto de encontro de sábios, teólogos e eruditos, onde tradições religiosas e os progressos técnicos eram preservados.[1] Paul Johnson, contudo, destaca que a educação dos escribas era sobretudo baseada na reprodução de textos e não em um trabalho criativo[2] marcado por um grande conservadorismo, um amor pela ordem (maat)[3] que se observa mesmo nas artes e na literatura: “na consciência artística egípcia, havia um forte desejo pela norma, que eles tendiam a identificar com o arcaico, com as coisas já passadas [...] a apoteose da norma, ou o impulso em direção ao arcaico, entretanto, desencorajava a inovação – assim como de fato também o fazia a mera existência de uma grande e conservadora classe de escribas”[4]. Sem a maat (mayet) os deuses não teriam poderes para agir[5]. Em torno da Casa da Vida haviam alojamentos, lojas e oficinas[6]. A maat representa a exatidão, a honradez, a fidelidade, a virtude, é o emblema do juiz.[7] John Gilissen identifica o maat como modelo do direito não escrito, não obtido por revelação divina, tendo em vista que os egípcios quase nada escreveram de livros de direito ou compilações de leis ou de costumes: “Maat tem por essência ser o equilíbrio; o ideal, a esse respeito, é por exemplo fazer com que as duas partes saiam do tribunal satisfeitas. Como é nesse preceito que reside a verdadeira justiça. Maat tanto por ser traduzido por Verdade e Ordem como por Justiça propriamente dita”.[8] A deusa Maat é a contrapartida  positiva de Seth.[9] O maior centro de magia no antigo Egito era a cidade de Heliópolis, próximo ao atual Cairo, e que reunia os maiores sábios da época bem como onde foram encontrados numerosos papiros “mágicos”.[10]



[1] MONTET, Pierre. O Egito no tempo de Ramsés: a vida cotidiana, Sâo Paulo:Cia das Letras, 1989, p.307

[2] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 259

[3] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 278

[4] JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 263

[5] WEST, John Anthony. The traveler’s key to ancient Egypt, New York:Quest, 2012, p. 79

[6] JACQ, Christian. O mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.66; JOHNSON, Paul. História Ilustrada do Egito. Rio de Janeiro:Ediouro, 2002, p. 264

[7] LAMY, Lucien. Mistérios egípcios, Madri:Prado, 1996, p.17

[8] GILISSEN, John. Introdução histórica ao direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian 1986, p. 53

[9] SHAFER, Byron. As religiões no Antigo Egito, São Paulo: Nova Alexandria, 2002, p. 50

[10] JACQ, Christian. O mundo mágico do antigo Egito, Rio de Janeiro:Bertrand do Brasil, 2001, p.19



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