Segundo Maria de Lourdes Fávero “em matéria de ensino as diretrizes emanadas da Corte eram feitas como
se visassem a estabelecer a rotina; paralisar as iniciativas, em vez de
estimulá-las”.[1] Mesmo após a independência esta condição de atraso na educação se prolongou de
modo que ao final do Império em 1879 o Brasil tinha seis instituições de ensino
superior sendo que nenhuma universidade, ou seja, as Faculdades de Direito de
São Paulo e do Recife; as Faculdades de Medicina do Ru de Janeiro e da Bahia; a
Escola Politécnica do Rio de Janeiro e a Escola de Minas de Ouro Preto. Em 1768
um pedido da Câmara de Sabará para criação de um aula de cirurgia teve o pedido
negado.[2] Os
inconfidentes mineiros em seu movimento de 1789 tinham como uma de suas
propostas a criação da Universidade de Vila Rica.[3] Na vinda
da família real em 1808 D. João VI incumbiu José Bonifácio para ser diretor de
uma universidade a ser criada, mas a o projeto não foi afrente por oposição dos
ministros portugueses que receavam desaparecesse uma das principais bases em
que se assentava a superioridade da metrópole[4]. Em compensação foi criada a Academia de Belas
Artes organizada com artistas franceses sob a orientação de Lebreton que chegou
em 1816 e denominada inicialmente como Escola de Ciências, Artes e Ofícios. O
grupo reunia o pintor Debret, Nicolas Taunay e seu irmão o escultor Augusto
Taunay e seu assistente François Bonrepos, o arquiteto Grandjean de Montigny, o
professor de mecânica François Ovide e o gravador em talha Simon Pradier.[5] Maler
chegou a conjecturar que tantos artistas teriam vindo como exílio para fugir ao
governo de Napoleão, ,as o próprio Ministério de Estrangeiro negou essa
conjectura. Oliveira Lima aponta a incongruência da medida pois o Brasil estava
muito mais necessitado de um ensino industrial do que artístico: “as belas
artes necessitam apoiar-se sobre as artes mecânicas, quando não o edifício fica
sem alicerces: não se pode iniciar uma construção pela cumeeira”. A Escola
contudo somente seria aberta em 1826 diante da turbulência política que se
seguiu à independência.
[1] FÁVERO, Maria de
Lourdes. Universidade do Brasil das origens à construção. Rio de Janeiro:UFRJ,
2000, p.9, 24
[2] NOVAIS, Fernando. História da vida privada no Brasil , v.1, São
Paulo:Companhia das Letras, 2018. Edição do Kindle, p.256
[3] CALMON, Pedro. História
da civilização brasileira, Brasília: Senado Federal, 2002, p. 160; GOMES,
Laurentino. Escravidão, v.II, São Paulo: Globo, 2021. p.294
[4] LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil, 2021, Edições Kindle, p.2350/14482
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