sexta-feira, 20 de agosto de 2021

A balança comercial no tempo da vinda da família real ao Brasil

 

O ato de transformação do Brasil em Reino em 1815 era o reconhecimento de sua dominância como centro econômico.[1] Segundo relatório do deputado Manuel Fernandes Tomás na Corte portuguesa em Lisboa em fevereiro de 1821 o comércio com o Brasil em 1818 havia dado um déficit à Coroa portuguesa de 4 milhões e 265 mil cruzados.[2] De 1796 a 1807 em apenas três anos o saldo foi favorável à metrópole[3]. Em 1796 o Brasil mandou para Portugal gêneros no valor de 353 milhões de cruzados enquanto Portugal exportou 300 milhões. Em 1807 o Brasil exportou 189 milhões de cruzados e Portugal exportou apenas 149 milhões de cruzados.[4] Dados de 1796 mostram que o Brasil importou cerca de 7 mil contos e exportou cerca de 10 mil contos (Heitor Lima registra exportações de 11,5 mil contos)[5] com saldo positivo para a colônia brasileira. Do total de cerca de 7,6 mil contos das exportações de Portugal para as colônias, cerca de 7 mil contos era para o Brasil, ou seja, a colônia brasileira consumia 92% das exportações portuguesas para suas colônias o que demonstra que o Brasil era o grande mercado para os produtos portugueses.[6] Em 1806 a balança comercial teve saldo positivo de 6,8 mil contos sendo 23,2 mil contos de exportações e 16,4 mil de importações.[7] Em 1805 tinham entrado no Rio de Janeiro 800 navios portugueses; em 1820 foram apenas 200. Segundo Oliveira Lima[8] (figura) a vinda da família real para colônia aumentou consideravelmente as importações que em 1806 eram (segundo um mapa anexo à correspondência de D. Rodrigo de Souza Coutinho) do valor de 3.600 contos, em 1813 tinham subido a 7.052 contos e em 1816 atingiam 9.084 contos.

[1] ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 305

[2] ALBUQUERQUE, Manoel Maurício. Pequena história da formação social brasileira, Rio de Janeiro: Graal, 1981, p. 317

[3] LIMA, Heitor Ferreira, Formação Industrial do Brasil, período colonial, Rio de Janeiro: ED. Fundo de Cultura, 1961, p. 294

[4] MARTINS, Oliveira. História de Portugal, Lisboa:Versial, 2010, p. 408, Edições Kindle

[5] LIMA, Heitor Ferreira, Formação Industrial do Brasil, período colonial, Rio de Janeiro: ED. Fundo de Cultura, 1961, p. 294

[6] LIMA, Heitor Ferreira, Formação Industrial do Brasil, período colonial, Rio de Janeiro: ED. Fundo de Cultura, 1961, p. 34

[7] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.273

[8] LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil, 2021, Edições Kindle, p.1304/14482



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