A
renovação cultural promovida pelo marquês de Pombal permitiu a maior penetração
das teses iluministas em Portugal apesar de seu governo despótico. Em 1746 Luis
Verney havia publicado um libelo contra o ensino jesuítico em Verdadeiro método
de estudar, e em 1760 Antonio Ribeiro Sanches publicara Cartas sobre a
educação da mocidade e Apontamentos para fundar-se uma universidade real
em que sugere: “Parece que satisfariam ao último fim que deve ter a
Universidade que vou propondo, os três Colégios seguintes. O primeiro de
Filosofia, Matemáticas e Humanidades. Segundo de Medicina, e Cirurgia, e de
todas as partes de que consta esta Ciência. O terceiro da Jurisprudência,
governo dos Estados, e Leis do Reino”.[1] Em 1761 o então conde de Oerias, futuro marquês de Pombal, ministro do rei D.
José fundou o Real Colégio dos Nobres. Em 1765 foi concedido e doado ao Colégio
dos Nobres o privilégio exclusivo para a impressão dos livros de Euclides, de
Arquimedes, e de outros clássicos das ciências matemáticas. Este privilégio foi
transferido para a Universidade de Coimbra pelo alvará de 16 de dezembro de
1773. Os novos estatutos da Universidade de Coimbra em 1772 foram organizados
pela Junta de Providência Literária da qual faziam parte o cardeal da Cunha, o
bispo Cenáculo, o brasileiro D. Francisco de Lemos Faria, conde Argonil, que
foi também bispo de Coimbra de 1779 a 1822 e reitor da Universidade de Coimbra de
1770 a 1779, e seu irmão Ramos de Azeredo Coutinho e outros[2].
Eles criaram as faculdades de matemática e filosofia natural dotada de
observatório astronômico, laboratórios de química e física e jardim botânico. Com
os novos estatutos de Coimbra em 1772 foram abolidos os estudos matemáticos
professados no Real Colégio dos Nobres.[3] Entre os estrangeiros convidados a participar da reforma da Universidade de
Coimbra destacam-se o naturalista italiano Domingos / Domenico Vandelli onde
foi nomeado lente de Química e de História Natural assim como responsável pela
seleção do local da implantação do Jardim Botânico, e pelo estabelecimento do
Laboratório Químico e do Museu de História Natural da Universidade de Coimbra. Vandelli
dirigiu as expedições filosóficas (hoje diríamos científicas) portuguesas de
finais do século XVIII, levadas a cabo pelo naturalista baiano Alexandre
Rodrigues Ferreira entre 1783 e 1792 que havia sido seu aluno na Universidade
de Coimbra. Outros professores estrangeiro incluem o matemático e engenheiro
italiano Miguel Antonio Ciera e Giovanni Antonio Dalla Bella da cadeira de
Física Experimental. [4] Dessa
mesma época surgem no Rio de Janeiro e Salvador três academias: a Academia dos
Seletos de 1752 em homenagem a Gomes Freire de Andrade; a Academia dos
Renascidos, na Bahia de 1759 e a Academia Científica de 1772 instalada por José
Henriques Ferreira para estudos em agricultura e fomento às indústrias
agropecuárias sob o governo no vice rei segundo marquês de Lavradio.[5]
[1] http://www.estudosjudaicos.ubi.pt/rsanches_obras/aponts_universidade_reino_conveniente.pdf
[2] MARTINS, Wilson. História
da inteligência brasileira, v.I (1550-1794), São Paulo: Queiroz Editor, 1992,
p.446
[3] https://www.arqnet.pt/dicionario/rcolnob.html
[4] GARCIA,
Fernando Cacciatore. Como escrever a história do Brasil, Porto Alegre: Sulina,
2014, p. 416
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