Barros mostra que quando Colombo apresentou seus
planos ao rei de Portugal d. João II em 1483 este o encaminhou ao bispo Diogo
Ortiz e aos mestres Rodrigo e José “a quem ele cometia essas coisas de
cosmografia e seus descobrimentos”. Pero da Covilha contou ao padre Francisco
Alvares que em sua viagem de 1487 lhe apresentaram uma carta de marear
elaborada na casa de Pero de Alcaçova, Diogo Ortiz de Villeva nascido em
Castela e graduado pela Universidade de Salamanca, o mestre Rodrigo das Pedras
Negras e Mestre Moysés (o seu nome judeu) também conhecido como José Vizinho cristão-novo
natural da Covilhã, formado em Medicina em Salamanca. Admite-se que José
Vizinho tenha inspirado os mais antigos regimentos náuticos portugueses
conhecidos: o regimento de Munique e o regimento de Évora. A partir destas
referências Stockler em 1819 conclui que havia uma Junta de Matemáticos
entendida não como uma reunião ocasional de especialistas em cosmografia e
navegação, mas uma verdadeira Academia a auxiliar a Coroa portuguesa nesses
assuntos. Entre estes especialistas havia também o cosmógrafo alemão Martin
Behaim (figura) (Martinho da Boémia) construtor do famoso globo de Nuremberg que
mostrava o Atlântico entre a Espanha e a China sem a representação da América e
que foi completado em 1492 após as viagens de Colombo. Martin Behain era
discípulo de Regiomontanus / João Monte Régio que em Viena estudara astronomia
com Purbach, e era presumível agente do Imperador Maximiliano I, primo e amigo
de João II, que terá acompanhado a viagem de Diogo Cão (1485-86). Esta Junta de
matemáticos foi responsável pela elaboração das tábuas da declinação do Sol que
permitiu a navegação am alto mar.[1] Outro
célebre cosmógrafo do grupo era o judeu espanhol Abrãao Zacuto / Zagut,
professor da Universidade de Salamanca, autor do Almanach perpetuum celestium
motuum impresso em Veneza em 1472, traduzido para o português por José Vizinho
e usado por Colombo e Fernando de Magalhães em suas viagens.[2] Luis
Albuquerque mostra que embora o livro tenha sido editado em Leiria em 1496, a
obra já circulava de forma manuscrita
muitos anos antes, pois as tábuas indicadas mostram medições a partir de
1473.[3] Abrãao
Zacuto se refugiou em Portugal após a expulsão dos judeus de Castela, em 1492
pelo decreto de Alhambra assinado pelos reis espanhois católicos Isabela de
Castela e Fernando de Aragão. A repressão, contudo, atingiria Portugal já em
1497 com o decreto de 30 de maio de 1497 que proibia a posse de livros
hebraicos o que levou a consequente fuga dos tipógrafos judeus. Em 1500
Torquemada na Espanha irá queimar seis mil volumes heréticos acusados de bruxaria
e judaísmo.[4]
[1] MARTINS, Oliveira. História de Portugal,
Lisboa: Versial, 2010, p.152. Edição do Kindle.
[2] MOURÃO, Rogério.
Dicionário de astronomia e aeronáutica, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986,
p.877
Nenhum comentário:
Postar um comentário