quarta-feira, 25 de agosto de 2021

A Geografia de Ptolomeu

 

Jean Gimpel identifica já no século XII e XIII um renascimento cultural que se refletiu na tradução de diversos textos gregos como os de Hipócrates, Aristóteles, Euclides, Arquimedes e Heron de Alexandria realizada por Adelardo de Bath (traduziu os Elementos de Euclides)[1], Gerardo de Cremona (levou 40 anos para traduzir o Almagesto de Ptolomeu em 1175 que se tornou a edição mais popular entre os eruditos medievais e traduziu também o Canone da Medicina de Avicena)[2] e outros.[3] Uma cópia da obra de Ptolomeu em grego foi levada de Constantinopla para Florença por Palla Strozzi em 1400 onde pode ser traduzida por Manuel Crisóloras e seus discípulos.[4] Giacomo d’ Angelo da Scarperia faria a tradução de grego para o latim da Geografia de Ptolomeu, a qual mais tarde Regiomontano apontaria os erros de tradução. Os cartógrafos medievais, até então sem acesso à Geografia de Ptolomeu, preferiram, com razão, o traçado dos portulanos para registrar as regiões do Mediterrâneo, obtendo um resultado mais coerente com a experiência. Em relação ao mediterrâneo contudo só em 1554 com Mercator teremos um traçado independente de Ptolomeu, mas ainda assim seu planisfério de 1568 exagera a grandeza da Ásia e preenche a África com nomes indicados por Ptolomeu o que revela a autoridade com que ainda gozava Ptolomeu.[5]

[1] COSTA, José Silveira da. A escolástica cristã medieval, Rio de Janeiro, 1999, p.42

[2] McCLELLAN III, James; DORN, Harold. Science and technology on world history: an introduction. The Johns Hopkins University Press, 1999, p.184; BRONOWSKI, J. A escalada do homen, São Paulo:Martins Fontes, 1979, p.177; THORNDIKE, Lynn. A History of magic and experimental science, v.I, Columbia University Press, 1923, p.109; COSTA, José Silveira da. A escolástica cristã medieval, Rio de Janeiro, 1999, p.78

[3] GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.152

[4] BOORSTIN, Daniel. Os descobridores, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1989, p.148

[5] BAIÃO, Antonio. História da expansão portuguesa no mundo. Lisboa:Editorial, Atica, 1937, p.220



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