Três mitos sobre o movimento abolicionista segundo Angela Alonso: "Um é o do descolamento entre ideias estrangeiras e realidade nacional no século XIX brasileiro. Os abolicionistas estavam conectados a movimentos estrangeiros e se inspiraram neles, mas reiventaram ideias e estratégias, ao adaptá-las às condições brasileiras. Foram criativos e modernos ao fazerem uma campanha secular.
Segundo, a reconstrução da mobilização mobilização mostra que é complicada a narrativa da abolição como obra da Coroa. O fim da escravidão resultou de um conflito político de grandes proporções, que passou perto da guerra civil, e no qual o Poder Moderador foi mais prensado entre forças em conflito que condutor do processo político.
O terceiro mito é o da apatia política da sociedade brasileira no Império, a ideia de que o Estado operaria sobre uma sociedade inerte. O conflito em torno da abolição mostra o contrário. Houve, de um lado, um escravismo politicamente organizado, que lutou com unhas e dentes pela manutenção da escravidão no Brasil. E, de outro, um movimento social forte e organizado, que pressionou os governos em favor de sua causa".[1]
[1] Alonso, Angela. Flores, votos e balas (p. 301). Companhia das Letras. Edição do Kindle.
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