Ao discursar na Escola Politécnica no dia da assinatura da lei Áurea, André Rebouças (na figura): “Foi a Escola Politécnica quem doutrinou a abolição. O futuro pertence aos filhos desta Escola. A Escravidão durou três séculos. A triangulação do Brasil vai durar também três séculos, a divisão de terra, as estradas, os canais, os caminhos de ferro, os rios navegáveis, os portos do mar serão feitos por vós. Aos engenheiros todo o trabalho da constituição da democracia rural brasileira. Viva a Escola Politécnica”.[1] Angela Alonso mostra que André Rebouças se envolveu mais diretamente com o movimento abolicionista após sua visita aos Estados Unidos, onde foi discriminado racialmente ao não ser recebido nos círculos aristocráticos tal como estava costumado a frequentar no Brasil. No Brasil um episódio tem sido apontado de forma equivocada como prova deste racismo contra André Rebouças no Brasil. Convidado a um sarau dançante no palácio imperial em 1868, o engenheiro negro André Rebouças teria sido recusado por várias senhoras para uma dança ao que o Conde D’Eu atravessou o salão para buscá-lo para fazer par com a princesa Isabel e assim poder dançar diante de todos em um desafio a uma sociedade escravocrata e preconceituosa.[2] O episódio contudo foi resultado de uma chantagem de um jornal sensacionalista da época que inventou toda a história.[3] Segundo Angela Alonso, André Rebouças foi um articulador central do movimento abolicionista: “Aristocrata e filho de político, circulava pelas boas famílias e nas instituições políticas; empresário, confabulava com homens de negócio; alcançava os estudantes, por ser professor; amante da ópera, falava à gente do teatro; e, negro, tinha legitimidade nas franjas da mobilização. Operou a faina miúda por mais tempo do que qualquer outro ativista, do começo ao fim da campanha. Homem-ponte, entrelaçou as diversas arenas da mobilização. Homem de bastidor, apareceu pouco e fez muito, Nabuco o reconheceu: “Rebouças encarnou, como nenhum outro de nós, o espírito antiescravagista […], o papel primário, ainda que oculto, do motor, da inspiração que se repartia com todos… não se o via quase, de fora, mas cada um dos que eram vistos estava olhando para ele”.[4]
[1] O País, Rio de Janeiro,
16/05/1888. BARBOSA, Francisco de Assis. Dom João VI e a siderurgia no Brasil,
Brasília:Batel, 2010, p.52
[2] LACOMBE, Lourenço Luiz.
Isabel a princesa redentpra, Petrópolis: Instituo Histórico de Petrópolis, 1989,
p.166. QUEIROZ, Dinah Silveira de. A Princesa dos Escravos. Rio de Janeiro:
Record, 1966. André Rebouças rejeitado na dança? https://www.youtube.com/watch?v=BKhAifw32V4
[3] André Rebouças
rejeitado na dança? https://www.youtube.com/watch?v=BKhAifw32V4
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