Celso
Sukow em sua história sobre o ensino industrial no Brasil destaca que no
Brasil, o ensino de ofícios nasceu dissociado dos processos de educação: “de um lado o encargo dos trabalhos pesados
dado inicialmente aos índios e, depois, aos escravos, e de outro, a espécie de
educação que os padres da Companhia de Jesus ofereciam aos colonizadores,
criaram uma mentalidade que levou à filosofia do desprezo pelo ensino de
ofícios. Nossas populações habituaram-se a ver naquele ramo da instrução
qualquer coisa de degradante, de humilhante, de desprezível”. Pedro Taques
Leme em seu livro Nobiliarquia Paulistana Histórica e Genealógica[1] ao listar as famílias tradicionais paulistas confere importância de que na família
não houvesse nenhum traço de “mecanismo”, ou seja, o exercício de
qualquer profissão exercida com a força das mãos. Pedro Taques se refere com
desdém a um José Pires Monteiro sogro de
um alfaiate. Pedro Taques se coloca como defensor da aristocracia paulista,
recrimina a miscigenação e defende a limpeza de sangue (puritatis sanguinis)
de toda a mácula judia, moura, negra ou índia.[2] Em 1819, o ensino de ofícios passou a ser destinado, também, aos órfãos, aos
pobres, aos deserdados da fortuna com a criação do Seminário dos órfãos na
cidade de Salvador: “A filosofia que
vinha presidindo àquele ramo de instrução voltava-se, assim, também, para
outros desgraçados. Já não o encarava mais como aplicável somente aos índios e
escravos, destinava-o, também, daí por diante, aos miseráveis, aos infelizes,
aos que não tinham arrimo nos pais”.
sexta-feira, 30 de julho de 2021
Os primórdios do ensino industrial no Brasil
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