quarta-feira, 14 de julho de 2021

Os primeiros livros de alquimia na Europa

 

Em A arca do saber, atribuída a Jabir conta a preparação de ácido acético a partir do vinagre e a preparação do ácido nítrico[1]. Acredita-se que ele tenha descoberto o aqua regia, uma mistura de ácido clorídrico e ácido nítrico, que tem a capacidade de dissolver ouro. Seus livros influenciaram fortemente os alquimistas europeus medievais onde os tratados de Jabir sobre alquimia foram traduzidos para o latim e tornaram-se textos padrão para os alquimistas europeus. Entre os trabalhos de Jabir incluem-se o Kitab al-Kimya (Livro da Composição da Alquimia), traduzido por Robert of Chester (1144) e o Kitab al-Sabien (Livro dos Setenta), traduzido Gerard de Cremona (antes de 1187). Para Jabir os seis metais conhecidos se distinguiam pela diferente proporção na combinação de enxofre e do mercúrio, sendo a mais perfeita proporção a do ouro. Para Jabir as várias espécies metálicas são determinadas pelas diferenças de proporções e grau de pureza com que o enxofre e mercúrio de combinam[2]. Somente depois de quantificada a proporção em que as quatro naturezas participam da constituição do metal é que se pode proceder á sua transmutação. Suas obras revelam a fabricação de óxido de arsênico, nitrato de prata, tetracloreto de ouro, ácidos sulfúrico e nítrico bem como o uso do sódio e potássio. Para Jonathan Lyons: “a chegada ao mundo latino da alquimia árabe estimulou séculos de pesquisa sobre as propriedades químicas e os procedimentos experimentais de uma forma muito parecida com a maneira pela qual a visão geocêntrica do mundo contida nos estudos árabes do Almagesto ajudou a ampliar as fronteiras da astronomia matemática”.[3] O livro Testamentum de Morienus Romanus escrito no século VII foi a primeira obra de alquimia na Europa introduzida no século XII por Robert Chester.[4] Robert Chester fez a tradução do árabe do Livro de Composição da Alquimia promovendo o renascimento da alquimia na Europa[5]. Morienus alega ter aprendido seu conhecimento de alquimia de Stéphanos de Alexandria do século VII. [6]

[1] GOLDFARB, Da alquimia à química, Sâo Paulo:Edusp, 1987, p.94

[2] LYONS, Jonathan. A casa da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.142

[3] LYONS, Jonathan. A casa da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.143

[4] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and water wheel, New York:Harper Collins, 1994, p.162

[5] FANNING, Philip. Isaac Newton e a transmutação da alquimia, Santa Catarina:Danúbio, 2016, p. 27

[6] BERNARDONI, Andrea. Alquimia e artes químicas. In: ECO, Umberto. Idade média: bárbaros, cristãos e muçulmanos, v.I, Portugal:Dom Quixote, 2010, p.436



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