Em A arca do
saber, atribuída a Jabir conta a preparação de ácido acético a partir do
vinagre e a preparação do ácido nítrico[1]. Acredita-se que ele tenha descoberto o aqua
regia, uma mistura de ácido clorídrico e ácido nítrico, que tem a capacidade de
dissolver ouro. Seus livros influenciaram fortemente os alquimistas europeus
medievais onde os tratados de Jabir sobre alquimia foram traduzidos para o
latim e tornaram-se textos padrão para os alquimistas europeus. Entre os
trabalhos de Jabir incluem-se o Kitab al-Kimya (Livro da Composição da
Alquimia), traduzido por Robert of Chester (1144) e o Kitab al-Sabien (Livro
dos Setenta), traduzido Gerard de Cremona (antes de 1187). Para Jabir os seis metais conhecidos
se distinguiam pela diferente proporção na combinação de enxofre e do mercúrio,
sendo a mais perfeita proporção a do ouro. Para Jabir as várias espécies
metálicas são determinadas pelas diferenças de proporções e grau de pureza com
que o enxofre e mercúrio de combinam[2]. Somente
depois de quantificada a proporção em que as quatro naturezas participam da
constituição do metal é que se pode proceder á sua transmutação. Suas obras
revelam a fabricação de óxido de arsênico, nitrato de prata, tetracloreto de
ouro, ácidos sulfúrico e nítrico bem como o uso do sódio e potássio. Para
Jonathan Lyons: “a chegada ao mundo
latino da alquimia árabe estimulou séculos de pesquisa sobre as propriedades
químicas e os procedimentos experimentais de uma forma muito parecida com a
maneira pela qual a visão geocêntrica do mundo contida nos estudos árabes do
Almagesto ajudou a ampliar as fronteiras da astronomia matemática”.[3] O livro Testamentum de Morienus Romanus escrito
no século VII foi a primeira obra de alquimia na Europa introduzida no século
XII por Robert Chester.[4] Robert
Chester fez a tradução do árabe do Livro de Composição da Alquimia
promovendo o renascimento da alquimia na Europa[5]. Morienus
alega ter aprendido seu conhecimento de alquimia de Stéphanos de Alexandria do
século VII. [6]
[1] GOLDFARB, Da alquimia à
química, Sâo Paulo:Edusp, 1987, p.94
[2] LYONS, Jonathan. A casa
da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.142
[3] LYONS, Jonathan. A casa
da sabedoria, Rio de Janeiro: Zahar, 2011, p.143
[4] GIES,
Frances & Joseph. Cathedral, forge and water wheel, New York:Harper
Collins, 1994, p.162
[5] FANNING, Philip. Isaac
Newton e a transmutação da alquimia, Santa Catarina:Danúbio, 2016, p. 27
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