Lemos Brito contesta a suposta superioridade da
colonização holandesa no Brasil: “dificilmente o Brasil teria alcançado o
desenvolvimento de seu espírito nacional sob o pulso de ferro dos governos
holandeses. A não ser em Recife, onde Maurício de Nassau se fez cercar de
fausto e conforto, construindo moradias e pontes (como a ponte de Recife) que
assegurassem sua defesa e trazendo arquiteto e pintores, tão do seu refinado
gosto, que é que ficou da longa dominação holandesa no Brrasil ?”.[1] Wilson Martins o papel de pintores como Franz Post e A. Eckout, ou Zacarias
Wagner, porém, não pode dizer que esse destaque da pintura holandesa na corte
de Nassau pouco efeito teve sobre as artes da colônia: “Seria gratuito
concluir dá que, reciprocamente possa haver um capítulo holandês na história da
pintura brasileira. È imaginosa, mas pouco fundada na realidade, a ideia de que
o Recife, durante esse período possa ser visto como um quisto da Renascença
[como aponta José Honório Rodrigues e Joaquim Ribeiro em Civilização Holandesa
no Brasil]. A ser verdadeiro, seria, ainda assim, retardatário e anacrônico.
Parece igualmente inflada a afirmativa de que os holandeses e particularmente
Maurício de Nassau tivessem transformado arquitetonicamente a cidade em fruto
do renascimento. A Corte nassoviana é que foi um quisto cultural na Colônia,
mas, por isso mesmo será difícil apontar concretamente para influências que se
supõe tivesse exercido na vida intelectual e artística do país”.[2] Heitor
Lima observa que os sete anos de governo de Nassau no Brasil (1637-1644) tem
sido objeto de exagerados louvores de escritores brasileiros[3]. Para
Mario Neme a ocupação holandesa não proporcionava liberdade comercial, política
ou religiosa à Pernambuco, quando comparada a situação anterior dos portugueses
na colônia: “a instituição do governo local no Brasil holandês marcou um
nítido retrocesso, do ponto de vista das conquistas democráticas, em confronto
com o regime vigorante no Brasil português”. Os portugueses estavam
integrados na colônia às mesmas leis e ordenações da metrópole, tinham uma rede
de tribunais legalistas, tinham a vantagem da nacionalidade.[4] O
holandês pouco se integrava ao povo local ao contrário do português ao qual o
rei estimulava o casamento com índias e mestiças. O governador Waerdenburch em
1632 chegou a mandar de volta para Holanda um casal recém desembarcado que não
era legalmente casado para evitar possíveis concubinatos.[5] Mario Neme
que não pode falar propriamente de uma colonização holandesa em Pernambuco pois
a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (em holandês: West-Indische
Compagnie ou WIC) não tinha como um dos objetivos o povoamento de Recife,
chegando mesmo a opor dificuldades nesse sentido como a recusa de uma proposta para
trazer família da Holanda para o Sergipe.[6] Sérgio
Buarque de Holanda em Raízes do Brasil conclui que os poucos holandeses
que vinham para Recife vinha apenas em busca de “fortunas impossíveis, sem
imaginar criar fortes raízes na terra”. Para Mario Neme a forma de governo
implantada em Pernambuco era nada mais do que mera sucursal da WIC cujo único
objetivo era obtenção de lucros para seus sócios.[7]
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