quinta-feira, 15 de julho de 2021

O algodão maranhense

 

No Maranhão, Varnhagen aponta que a cultura do algodão prosperou bastante no século XVIII devido a introdução de máquinas nas fábricas[1]. As exportações duplicaram entre 1770 e 1780 uma vez que o algodão maranhense por ter uma fibra mais longa garantia maior produtividade nos teares a vapor das fábricas inglesas[2]. Um alvará do rei português de 1739 autorizava Manuel de Albuquerque e Aguiar e Antonio Pinheiro para construção de uma fábrica de tecidos, porém, o privilégio caducou por falta de cumprimento[3]. Eulália Lobo aponta o uso de descaroçadores datados de 1855.[4] Os primeiros descaroçadores baseados no invento de Eli Whitney chegaram ao Brasil apenas em 1862 com a expansão do algodão diante da guerra de civil nos Estados Unidos[5] em uma importação promovida pela Associação para o Suprimento do Algodão de Manchester ao fazendeiro Jean Jacques Aubertin da província de São Paulo e Superintendente da estrada de ferro Santos Jundiaí em construção[6] de 1860 a 1869. Em 1863 a SAIN introduz os descaroçadores Durand e Emery. A Lidgerwood comercializou as máquinas descaroçadoras do tipo Eagle.[7] Para Jean Aubertin “a introdução da maquinaria aprimora o trabalho e o liga à arte [..] o porgresso é a essência da existência do mundo”.[8] Em 1863 Burlamaqui escreve Monografia do Algodoeiro.[9] Com a guerra civil nos Estados Unidos (1861-1865) a Inglaterra buscou suprir sua demanda com ao algodão do nordeste brasileiro[10]. A entrada da Índia no mercado em 1863 e o fim da guerra civil nos Estados Unidos em 1865 levaram a queda do preço do algodão seguido de período de depressão da atividade no Brasil[11]. Na exposição internacional de Paris em 1867 o Brasil conseguiu o prêmio hors ligne pelos progressos na cultura algodoeira[12]. Em 1870 a Associação para o Suprimento de Algodão de Manchester concedeu uma medalha de ouro à província de São Paulo em homenagem ao desenvolvimento na indústria do algodão.

[1] VARNHAGEN, Francisco. História geral do Brazil, v.2, Rio de Janeiro : Laemmert, 1877, p. 968

[2] GOMES, Laurentino. Escravidão v. II, Rio de Janeiro:GloboLivros, 2021, p. 126

[3] LIMA, Heitor Ferreira, Formação Industrial do Brasil, período colonial, Rio de Janeiro: ED. Fundo de Cultura, 1961, p. 143

[4] LOBO, Eulália Maria Lahmeyer. História político administrativa da agricultura brasileira, 1808-1889, Brasília: Ministério da Agricultura, 1980, p.26

[5] HOLANDA, Sérgio Buarque. O Brasil monárquico: declínio e queda do império, t.II, v.4, São Paulo:Difusão, 1971, p.114

[6] CANABRAVA, Alice. O algodão em São Paulo 1861-1875, São Paulo: TA Queiroz, 1984, p.181, 191

[7] LOBO, Eulália Maria Lahmeyer. História político administrativa da agricultura brasileira, 1808-1889, Brasília: Ministério da Agricultura, 1980, p.78

[8] GRAHAM, Richard. Grã Bretanha e o início da modernização no Brasil 1850-1914, Rio De Janeiro: Brasiliense, 1973, p. 18, 73, 243

[9] CANABRAVA, Alice. O algodão em São Paulo 1861-1875, São Paulo: TA Queiroz, 1984, p.28

[10] BRITO, José Gabriel Lemos. Pontos de partida para a história econômica do Brasil. Brasiliana v. 155, São Paulo:Cia Editora Nacional, 1980, p.172

[11] LOBO, Eulália Maria Lahmeyer. História político administrativa da agricultura brasileira, 1808-1889, Brasília: Ministério da Agricultura, 1980, p. 142

[12] CANABRAVA, Alice. O algodão em São Paulo 1861-1875, São Paulo: TA Queiroz, 1984, p.30, 84




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