terça-feira, 27 de julho de 2021

Os bandeirantes e os capelães

 

Quanto aos capelães que acompanhava as bandeiras, o jesuíta espanhol Antonio Ruiz de Montoya (1585-1652) em Conquista Espiritual de 1639 ao discorrer sobre os ataques dos vicentinos e os grandes prejuízos aos domínios espanhois da região platina relata que capelães que acompanhavam os bandeirantes paulistas como “lobos vestidos em peles de ovelhas, uns hipócritas, os quais tem por ofício enquanto os demais [os bandeirantes] andam roubando e despojando as igrejas e prendendo os índios, matando e despedaçando as crianças, eles, mostram longos rosários que trazem ao pescoço, chegando depois aos padres jesuítas espanhóis pedindo-lhes confissão”.[1]  Em 1692 Domingos Jorge lamenta a ausência de um capelão em suas campanhas pelo interior: “Mandei-o buscar; não quis vir; de necessidade busquei o inimigo; sem ele morreram-me três homens homens brancos sem confissão, coisa que mais tenho sentido nesta vida; peço-lhe pelo amor de Deus me mande um clérigo em falta de um frade, pois se não pode andar na campanha, e sendo com tanto risco de vida, sem capelão”.[2]

[1] ABREU, Capistrano. Capítulos de história colonial, São Paulo: Publifolha, 2000, p. 128

[2] NOVAIS, Fernando. História da vida privada no Brasil , v.1, São Paulo:Companhia das Letras, 2018. Edição do Kindle, p.37


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