O tratado de Tordesilhas de 1494 ao tratar da divisão
do mundo conhecido em torno de um meridiano norte sul imaginário a 370 milhas à
oeste de cabo Verde é razoável dentro de um modelo de terra esférica diante da disputa
das ilhas Molucas, conhecida como “ilha das especiarias”. Diante das dificuldades
em se calcular a longitude havia suspeitas de que coroa espanhola violara o
Tratado ao ocupar as Filipinas e as ilhas Molucas.[1] Para
João Dias Solis e Fernão de Magalhães as ilhas Molucas ficavam na parte
reservada à Espanha.[2] Jaime
Cortesão observa que em sua época era inviável a verificação precisa do Tratado
de Tordesilhas.[3] Francisco Domingues mostra que na época os peritos a serviço do rei português
acreditavam que as Molucas pertenciam de fato a Carlos V e por esta razão o rei
português D. João III pagou fabulosa quantia pela soberania de um território que
na realidade já lhe pertencia de fato [4]. A
questão foi resolvida apenas com o Tratado de Saragoça, também referido como
Capitulação de Saragoça de 1529 em que definiu-se a continuação do meridiano de
Tordesilhas no hemisfério oposto na altura do Pacífico.[5] A Espanha
cedeu os seus eventuais direitos as ilhas Molucas contra o pagamento de 350 mil
ducados em ouro.[6] Em 1751 quando das negociações do Tratado de Madri Alexandre de Gusmão irá
questionar os termos deste Acordo de Saragoça de modo a conseguir compensações
no novo Tratado: “nenhum juiz reto duvidaria que duas vezes deve a Coroa de Espanha ressarcir à de Portugal o
equivalente do domínio que tem nas
Filipinas porque lhe vendeu o que realmente não era de Espanha, visto que é
notório que aquelas ilhas estão fora do hemisfério espanhol computado pela
demarcação de Tordesilhas”.[7] Pelo
Tratado de Madri de 1751 Portugal renunciou ao direito que alegava ter às ilhas
Filipinas pelo tratado de Tordesilhas e pela escritura de Saragoça de 1529.
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