segunda-feira, 19 de julho de 2021

O pioneirismo abolicionista português

 

Em visita ao Senegal em 2017 o presidente português Marcelo Rebelo de Sousa, em visita a ilha de Gorée, um antigo entreposto nas rotas atlânticas do tráfico de escravos, pleiteando uma vanguarda abolicionista portuguesa, em referencia ao alvará de 19 de setembro de 1761 que declarava que todos os escravos negros desembarcados em solo português seriam automaticamente livres, observou que Portugal aboliu a escravatura “pela mão do marquês de Pombal, em 1761,” e que “essa decisão do poder político português foi um reconhecimento da dignidade do homem, do respeito por um estatuto correspondente a essa dignidade”.[1] Segundo Silvia Hunold Lara a medida visava apenas orientar todo o tráfico para o Brasil para exploração das minas e cultivo das terras ao invés de serem usados para serviços domésticos em Portugal, uma vez que não havia qualquer intenção de abolir a escravatura nos territórios ultramarinos.[2] O mesmo marquês de Pombal também criou, em 1755, a Companhia do Grão-Pará e Maranhão, que promoveu a introdução de escravos de Bissau e Cacheu na Amazónia e, em 1756, a Companhia de Pernambuco e da Paraíba para controlar o tráfico negreiro, sobretudo de Angola, para o Nordeste brasileiro.[3]



[1] CARTA ABERTA Um regresso ao passado em Gorée. Não em nosso nome. https://www.buala.org/pt/mukanda/carta-aberta-um-regresso-ao-passado-em-goree-nao-em-nosso-nome

[2] GOMES, Laurentino. Escravidão, v.II, São Paulo: Globo, 2021. p.317

[3] https://www.dn.pt/portugal/um-regresso-ao-passado-em-goree-nao-em-nosso-nome-6228800.html



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