Arnold Toynbee (figura) destaca que
seria um erro analisar a revolução agrícola meramente do ponto de vista
tecnológico: “descrever esta revolução
apenas em termos tecnológicos e econômicos é fazer um relato inadequado. Antes
que a epifania das religiões mais elevadas separasse as atividades religiosas
das seculares, todas as atividades sociais e culturais eram igualmente
religiosas. Tanto a agricultura como a criação tinham certamente aspectos
religiosos e econômicos e a revolução agrícola pastoril poderia nunca ter-se
realizado se não fosse uma revolução religiosa em algum de seus aspectos”.[1] Stuart Piggott, contudo,
considera a abordagem de Toynbee, ao considerar aspectos teológicos, como
indutora de erro pois não há como compatibilizar uma abordagem baseada na
mística cristã com os dados arqueológicos: “o
modelo cíclico do passado, concebido por Arnold Toynbee, para mim, é uma
opinião que, em parte, ignora dados significativos e, por outro, é um produto
de uma confusão infeliz entre a investigação histórica e a elaboração de juízos
morais, a priori”.[2] Segundo Joseph Campbell: “a arte de lavrar o solo avança a partir da
área em que se desenvolve primeiro, levando consigo uma mitologia que tem a ver
com a fertilização da terra, com plantar e cultivar plantas alimentícias –
mitos como [...] o de matar uma divindade, cortá-la em pedaços, enterrar as
partes, e daí, o crescimento das plantas. Um mito desse tipo acompanhará uma
tradição agrária ou lavradora. Mas você não o encontrará numa cultura voltada
para a caça”.[3]
[1] TOYNBEE, Arnold. Um
estudo da história.Brasília:UNB, São Paulo:Martins Fontes, 1986, p.51
[2] PIGGOTT, Stuart. A
Europa antiga, Lisboa:Fund. Calouste Gulbenkian,
1965, p. 12, 26
[3] CAMPBELL, Joseph. O
poder do mito. São Paulo:Palas Atena, 1990, p.55, 187
[4] CHILDE, Gordon. A
evolução cultural do homem, Rio de Janeiro:Zahar, 1966, p.108
[5] HARRIS, J. O legado do
Egito, Rio de Janeiro:Imago, 1993, p.163
[6] CAMPBELL, Joseph. O
poder do mito. São Paulo:Palas Atena, 1990, p.177
[7] CHILDE, Gordon. A evolução
cultural do homem, Rio de Janeiro:Zahar, 1966, p.84
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