Philip Fanning argumenta que Francis Bacon (1561-1626)
era discípulo do alquimista John Dee, embora em nenhum de seus textos faça
referência a ele ou sua obra Monas Hieroglyphica,
de modo que sua obra disfarça a filosofia rosacruz de seu mestre. Dos alquimistas Francis Bacon declara: “os
alquimistas com sua atividade fizeram algumas descobertas, mas como que por
acaso e pela variação dos experimentos (como fazem com frequência os mecânicos),
não por arte e com método, e isso porque a sua atividade tende mais a confundir
os experimentos do que a estimulá-los. Mesmo aqueles que se dedicaram à chamada
magia natural fizeram algumas descobertas, mas poucas em número e sobretudo
superficiais e frutos da impostura [...] Quem , ainda, se disponha a considerar
aquelas coisas tidas mais por curiosas que sérias e passe a examinar mais a
fundo as obras dos alquimistas, acabará não sabendo se estes são mais dignos de
riso ou de lágrimas”.[1] Ainda assim Francis Bacon reconhece que nos meios dos escritos e experimentos tidos
como supersticiosos e mágicos (no sentido vulgar da palavra) se possa encontra
algo de útil para ciência: ”ainda que se trate de coisas recobertas de uma
pesada massa de mentiras e fábulas, mesmo assim devem ser observadas para se
verificar, mesmo por acaso, alguma operação natural”.[2] Para Francis Bacon: “a melhor demonstração é de longe, a experiência, desde
que se atenha rigorosamente ao experimento”[3].
Francis Bacon conta a história: “de um homem que contou a seus filhos que
havia deixado ouro enterrado em algum lugar em sua vinha. Onde os filhos
cavaram nada encontraram, mas ao revolverem a terra das raízes de suas vinhas
conseguiram uma colheita produtiva. Assim é a busca e o empreendimento dos
alquimistas que em sua busca de ouro nos
trouxeram muitas e inúmeras invenções e instrutivos experimentos”.[4] Para Philip Fanning os ataques
de Francis Bacon contra a alquimia eram dissimulados, mas acabaram contribuindo
para sua destruição.[5] Esta
perspectiva de identificação de Francis Bacon com o hermetismo esteve presente
na historiografia das décadas de 1950, porém foi contestada por autores como Paolo
Rossi destacam que as referências contrárias ao esoterismo são inúmeras para
serem dissimuladas[6]
[1] BACON, Francis. Novum
Organum, Sâo Paulo: Abril, Os pensadores, 1973, p. 49, 59
[2] BACON, Francis. Novum
Organum, Sâo Paulo: Abril, Os pensadores, 1973, p. 159
[3] BACON, Francis. Novum
Organum, Sâo Paulo: Abril, Os pensadores, 1973, p. 44
[4] GIES,
Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper
Collins, 1994, p. 162
[5] FANNING, Philip. Isaac
Newton e a transmutação da alquimia, Santa Catarina:Danúbio, 2016, p. 222
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