terça-feira, 20 de julho de 2021

O fim do tráfico em 1851 e a abertura intelectual

 

O fim do tráfico internacional de escravos em 1850, o declínio da economia tradicional da cana de açúcar  a ascensão da nova economia cafeeira, o incremento de investimento em atividades industriais[1] e construção de ferrovias, contribuíram para a abertura intelectual do período. Angela Alonso (figura) destaca “A interiorização de capital do tráfico negreiro dera as bases econômicas para uma era dourada do café no Vale do Paraíba, turbinara obras de infraestrutura, estradas, melhoramentos urbanos e empresas e negócios, como as do sócio de Rebouças, o barão de Mauá”.[2]  Tobias Barreto destaca o período de 1868 a 1878 como “o mais notável de quantos do século XIX constituíram nossa vida intelectual”.[3] Tamas Szmrecsányi, contudo, observa que os fazendeiros do café emergentes em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais tornaram-se com o fim do comércio externo de escravos o principal reduto da região escravocrata com a migração de escravos que se intensificou vinda dos velhos engenhos do nordeste. Os líderes da regiões mais economicamente pujantes não estavam, portanto, vinculados a uma política abolicionista como nos Estados Unidos, pelo contrário.[4] No oeste paulista Afonso de Taunay mostra que havia em 1855 nas cerca de 2,6 mil fazendas de café da região algo como 62 mil homens livres para 56 mil escravos.[5]

[1] GRAHAM, Richard. Grã Bretanha e o início da modernização no Brasil 1850-1914, Rio De Janeiro: Brasiliense, 1973, p. 33

[2] ALONSO, Angela. Flores, votos e balas. São Paulo: Companhia das Letras. 2015, Edição do Kindle., p.28

[3] COSTA, Cruz. Contribuição à história das ideias no Brasil, Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1967, p. 97; MACEDO, Ubiratan Borges de. A ideia de liberdade no século XIX: o caso brasileiro, Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1998, p. 144

[4] SZMRECSANYI, Tamás. Pequena história da agricultura no Brasil, São Paulo: Contexto, 1998, p.34

[5] SZMRECSANYI, Tamás. Pequena história da agricultura no Brasil, São Paulo: Contexto, 1998, p.43



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