segunda-feira, 19 de julho de 2021

Os mestres pedreiros medievais

 

Alguns mestres pedreiros (magister cementariius) ou mestres de obras (magister operationum) ingleses tornaram-se famosos como Walter de Hereford que constriu a abadia de Vale Royal entre 1278 e 1280.[1] É comum ler nos documentos de construções de catedrais a referência ao magister operis / magister operarius sem se referir ao nome do mestre de obra (mâitre de l’Oeuvre / master of the works).[2] Entre estes destacam-se Walter de Hereford (abadia de vale Royal e castelo de Carnavon), Henry de Yevele (abadia de Westminster e Torre de Londres)[3], Richard Beke (catedral de Canterbury)[4], Robert Stowell (castelo de Windsor - na figura), Robert Spillesby  (catedral de Winchester).[5] O título de arquiteto para tais mestres de obras somente seria usado a partir de 1563.[6] Jean Gimpel relata certa animosidade dos mestres pedreiros com os arquitetos, estes formados em universidades. Frances Gies mostra que os mestres pedreiros apresentavam-se vestindo capa e capelo, uma espécie de chapéu usado pelos universitários, o que inspirava inveja. Jacques de Vitry relata que os mestres de obras raramente se limitam a dar ordens, mas sem nunca ele mesmo fazer o serviço propriamente dito.[7] Pierre Montreuil[8] que trabalhou na basílica de Saint Denis em 1247 faz gravar em seu túmulo “doutor em pedras” referindo-se a um título universitário que não tinha[9]. Os pedreiros estavam divididos em duas categorias os assentadores que construíam paredes e obras de alvenaria sólida e os mestres de cantaria ou pedreiros livres que trabalhavam a pedra de cantaria e que talhavam e esculpiam blocos individuais de pedra para molduras de arco, ornamentos de janelas e outras partes da construção. Em 1356 haviam guildas de construtores em Londres e suas regras de conduta no alojamento de York estão descritas no York Fabric Roll que recebia pedreiros estrangeiros.[10]

[1] HODGETT, Gerald. História social e econômica da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1975, p.152

[2] MARCHI, Cesare. Grandes pecadores, grandes catedrais, São Paulo:Martins Fontes, 1991, p.39; ASLAN, Nicola. A maçonaria operativa, Rio de Janeiro: Aurora, 1979, p. 143

[3] https://en.wikipedia.org/wiki/Henry_Yevele

[4] http://www.canterbury-archaeology.org.uk/sw-tower/4590809748

[5] ASLAN, Nicola. A maçonaria operativa, Rio de Janeiro: Aurora, 1979, p. 145

[6] ASLAN, Nicola. A maçonaria operativa, Rio de Janeiro: Aurora, 1979, p. 45

[7] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and water wheel, New York:Harper Collins, 1994, p.192

[8] https://fr.wikipedia.org/wiki/Pierre_de_Montreuil

[9] GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.107; TATON, René. A ciência antiga e medieval: a Idade Média, tomo I, v.III, São Paulo:Difusão, 1959, p. 152

[10] HODGETT, Gerald. História social e econômica da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1975, p.157




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