Warren
Dean observa que “O fabrico de açúcar, o acondicionamento
da carne, o descaroçamento e o enfardamento do algodão, o curtume dos couros e
o beneficiamento do café, figuravam entre as primeiras linhas de produção que
seriam utilizados o vapor e a energia elétrica. É interessante notar que no
processamento de café – descascar, separar, secar e classificar – não havia
máquinas europeias ou norte americanas fabricadas com essas finalidades, e os
inventores brasileiros criaram o seu próprio equipamento, acicatados pela
escassez de escravos e, mais tarde, pela necessidade de poupar mão de obra
assalariada”.[1] A
conservação de carne pelos frigoríficos possibilitou que a Argentina se
tornasse grande exportadora de carne de ovelha e outros tipos de carne.[2] Em São Paulo em 1880 Evaristo Conrado Engelberg inventou uma máquina de
beneficiar café tendo obtido uma patente que veio a ser vendida
a um grupo de norte americanos que fundaram uma companhia para fabricá-la junto
com Alexandre Siciliano[3].
Localizada em Syracuse, Nova Iorque, com o nome de a Engelberg Huller Company,
essa firma foi extremamente bem sucedida, vendendo a máquina nas áreas
produtoras de café de todo o mundo e inclusive era importada no Brasil por F.
Upton Company com ajuda de alguns dos financiadores originais de Engelberg.[4] João
Conrado Engelberg junto com Pedro Alberto Engelberg e Alípio Conrado Engelberg
solicitaram a patente da dita máquina de Engelberg no Brasil que foi concedida
pelo Decreto 148 de 1884. Roberto Simonsen destaca que a cultura cafeeira por
sua natureza especial não facilitava o trabalho mecânico.[5] Enquanto nos engenhos de açúcar os escravos representam algo em torno de 15% do
capital imobilizado nos demais aparelhamentos, nas fazendas de café este índice
corresponde entre 30% a 40% do total de investimento. Será em São Paulo que se
observa o avanço das técnicas com patentes concedidas para mecanismos para o
tratamento e beneficiamento do café.[6] Em 1885 Evaristo Engelberg formou sociedade com o futuro Conde Siciliano,
surgindo assim a “Engelberg & Siciliano”, com sede em Piracicaba. Em 1890,
a Gazeta de Piracicaba noticiava que Evaristo Conrado Engelberg fora nomeado
membro correspondente da Academia Parisiense de Inventores, sendo distinguido
com uma medalha de Ouro. Renata Cipolli observa que o exemplo de Engelberg
mostra que “a tecnologia desenvolvida no
Brasil para beneficiar café e outros produtos agrícolas aperfeiçoou-se e
atingiu níveis elevados de qualidade e eficiência mecânica. Uma evidência é que
projetos e máquinas de inventores nacionais foram exportados para mercados
competitivos internacionais. Alguns dos exemplos mais expressivos foram os
descascadores de arroz e café patenteados pelos inventores e membros da família
Engelberg. A qualidade e eficiência desses descascadores levou-os a disputar o
mercado internacional, superando inclusive a capacidade de produção e
distribuição da fabricação local”. O destaque alcançado pelo café
beneficiado no descascador de café Engelberg na Exposição Universal de Paris em
1889 aumentou o interesse dos cafeicultores paulistas no equipamento.
[4] DEAN, Warren. A industrialização de
São Paulo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1971, p. 18 e
82; LESSA, Ricardo. Brasil e Estados Unidos: o que fez a diferença, Rio de
Janeiro:Civilização Brasileira, 2008, p.96
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