segunda-feira, 5 de julho de 2021

As primeiras universidades

 

Será no século XI e XII que surgem as primeiras universidades[1] (Studium Generale) como a Universidades de Bolonha (1088), Oxford (1096), Paris (1170)[2], Salamanca (1218)[3], Pádua (1222), Nápoles (1224)[4] fundada por Frederico II de Hohenstaufen (1194-1250) imperador do Sacro Império Romano, a universidade de Lisboa (1290) fundada por D. Dinis, Florença (1321), Praga (1347)[5], Pávia (1361)[6], Cracóvia (1364). Jacques le Goff observa o surgimento do conceito de intelectuais, aos quais chama de uma intelligentsia médiévalle.[7] Charles Haskins[8] mostra que as universidades surgem como resultado do Renascimento Cultural do século XII momento em que chegam à Europa Ocidental os novos conhecimentos, da obra de Aristóteles, Euclides, Ptolomeu bem como sobre o direito romano e a medicina de Hipócrates e Galeno, transmitidos principalmente por intermédio de eruditos árabes da Espanha. O termo “universitas” foi pela primera vez usado em um texto oficial do núncio papel Robert de Courçon em uma disputa na Universidade de Paris em 1215.[9] Em sua origem o termo fazia referências as guildas de artesãos e passou a ser referir aos grupos de ajuda mútua de estudantes estrangeiros que se reuniam em Bolonha para compartilhar alojamentos e livros. Somente depois de algum tempo que o termo passou a ser usado exclusivamente para os estudantes (universitas societas magistrorum disciplulorumque). O termo, portanto, não remete ao conceito de conhecimento universal, mas a totalidade de um grupo de artesãos ou estudantes[10]  Bolonha (1158) e Paris (1200) surgiram de escolas já existentes no mesmo local enquanto Cambridge (1029) surgiu de Oxford, e Pádua (1222) foi derivada de Bolonha. Nápoles (1224) e Toulouse (1229) surgiram a partir de bulas papais.[11] Ruy Afonso observa que a disseminação de universidades nos séculos XIV e XV fez com que as universidades mais ilustres com as de Bolonha e de Paris perdessem seu caráter internacional de acolher estudantes de diferentes regiões[12]. Frederico I, publicou em 1158 um Privilegium scholasticum que garantia salvo conduto aos professores de Bolonha em suas viagens.



[1] BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América, São Paulo:Globo, 2006, p.214; MONROE, Paul. História da educação. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1974, p.127

[2] MATTHEW, Donald. A Europa Medieval, v.II. Lisboa :Ed. del Prado, 1996, p.165

[3] VERGER, Jacques. Universidade. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean Claude. Dicionário analítico do Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 646

[4] LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p.89

[5] PERROY, Edouard. A idade média: o período da Europa feudal (sec. XI - XIII), tomo III, v. 2, São Paulo:Difusão Europeia, 1974, p. 202

[6] BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento, Rio de Janeiro:Zahar, 2003, p.38

[7] LE GOFF, Jacques. Para uma outra idade média, Petrópolis: Vozes, 2013, p.266

[8] HASKINS, Charles. A ascenção das universidades, São Paulo: Danúbio, 2015, p.249/1743

[9] MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 92

[10] HASKINS, Charles. A ascenção das universidades, São Paulo: Danúbio, 2015, p.307/1743

[11] JÚNIOR, Hilário Franco. A idade média nascimento do Ocidente, São Paulo:Brasiliense, 2004, p.118

[12] NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da educação na idade média, Campinas:Kirion, 2018, p.250



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