Será no
século XI e XII que surgem as primeiras universidades[1] (Studium
Generale) como a Universidades de Bolonha (1088), Oxford (1096), Paris
(1170)[2], Salamanca
(1218)[3], Pádua
(1222), Nápoles (1224)[4] fundada
por Frederico II de Hohenstaufen (1194-1250) imperador do Sacro Império Romano,
a universidade de Lisboa (1290) fundada por D. Dinis, Florença (1321), Praga
(1347)[5], Pávia
(1361)[6],
Cracóvia (1364). Jacques le Goff observa o surgimento do conceito de intelectuais,
aos quais chama de uma intelligentsia
médiévalle.[7] Charles Haskins[8] mostra que as universidades surgem como resultado do Renascimento Cultural do
século XII momento em que chegam à Europa Ocidental os novos conhecimentos, da
obra de Aristóteles, Euclides, Ptolomeu bem como sobre o direito romano e a medicina
de Hipócrates e Galeno, transmitidos principalmente por intermédio de eruditos
árabes da Espanha. O termo “universitas”
foi pela primera vez usado em um texto oficial do núncio papel Robert de
Courçon em uma disputa na Universidade de Paris em 1215.[9] Em sua
origem o termo fazia referências as guildas de artesãos e passou a ser referir
aos grupos de ajuda mútua de estudantes estrangeiros que se reuniam em Bolonha
para compartilhar alojamentos e livros. Somente depois de algum tempo que o
termo passou a ser usado exclusivamente para os estudantes (universitas
societas magistrorum disciplulorumque). O
termo, portanto, não remete ao conceito de conhecimento universal, mas a totalidade
de um grupo de artesãos ou estudantes[10] Bolonha (1158) e Paris (1200) surgiram de
escolas já existentes no mesmo local enquanto Cambridge (1029) surgiu de
Oxford, e Pádua (1222) foi derivada de Bolonha. Nápoles (1224) e Toulouse
(1229) surgiram a partir de bulas papais.[11] Ruy
Afonso observa que a disseminação de universidades nos séculos XIV e XV fez com
que as universidades mais ilustres com as de Bolonha e de Paris perdessem seu
caráter internacional de acolher estudantes de diferentes regiões[12]. Frederico
I, publicou em 1158 um Privilegium scholasticum
que garantia salvo conduto aos professores de Bolonha em suas viagens.
[1] BASCHET, Jérôme. A
civilização feudal: do ano mil à colonização da América, São Paulo:Globo, 2006,
p.214; MONROE, Paul. História da educação. São Paulo:Cia Editora Nacional, 1974,
p.127
[2] MATTHEW, Donald. A
Europa Medieval, v.II. Lisboa :Ed. del Prado, 1996, p.165
[3] VERGER, Jacques. Universidade. In: LE GOFF, Jacques; SCHMITT, Jean
Claude. Dicionário
analítico do Ocidente medieval. v.II, São Paulo:Unesp, 2017, p. 646
[4] LE GOFF, Jacques. A
civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p.89
[5] PERROY, Edouard. A
idade média: o período da Europa feudal (sec. XI - XIII), tomo III, v. 2, São
Paulo:Difusão Europeia, 1974, p. 202
[6] BURKE, Peter. Uma
história social do conhecimento, Rio de Janeiro:Zahar, 2003, p.38
[7] LE GOFF, Jacques. Para
uma outra idade média, Petrópolis: Vozes, 2013, p.266
[8] HASKINS, Charles. A ascenção das universidades, São Paulo: Danúbio, 2015, p.249/1743
[9] MORTIMER, Ian. Séculos
de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 92
[10] HASKINS, Charles. A ascenção das universidades, São Paulo: Danúbio, 2015, p.307/1743
[11] JÚNIOR, Hilário Franco.
A idade média nascimento do Ocidente, São Paulo:Brasiliense, 2004, p.118
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