Em 1449 Henrique VI concedeu patente a um estrangeiro chamado John Utynam para fabricação vitrais (vitraux) para a capela do Eaton and King’s College e outros prédios.[1] John Utynam recebeu patentes na França e Veneza. Segundo B. Spear a próxima patente para tecnologia de vidros foi concedida a Henry Smith apenas em 1552.[2] A prática dos vitrais já era praticada no Ocidente desde o século X porém foi apenas com as grandes oficinas de vidreiros em Saint Denis em Chartres no século XII que a técnica se difundiu.[3] A técnica é descrita no século XII no manual de Teófilo sobre as “Várias artes”[4]. Teófilo descreve a obtenção de cores do vidro pela variação do ponto de fusão bem como adição de óxidos metálicos como cobalto para o azul, manganês para a púrpura, cobre para o vermelho e ferro para o amarelo.[5] A fórmula básica dos vidreiros usava areia, sal e cinzas numa mistura que era aquecida até derreter quando eram misturados os óxidos metálicos, cobre para o vermelho, ferro para o amarelo e cobalto para o azul, este último encontrado na Boêmia e Saxônia.[6] Técnicas de vitrais usados nas catedrais de Rouen e Chartres por volta de 1300 usavam cloreto de prata e ocre e recozimento do vidro para composição de um colorido amarelo prata. Os vitrais de Notre Dame de la Belle Verrière – Nossa Senhora do belo Vidro em Chartres datam do século XII[7]. No século XV diversas tecnologias permitiram ampliar as opções de cores e luminosidade dos tons.[8] Técnicas de vitrais de Niccolo de Varallo na Catedral de Milão em 1480 mostram a tonalidade vermelha produzido com ouro coloidal obtido com uso de nanopartículas de ouro.[9] Ainda no final do século X uma carta do abade Gotsberto relata a utilização de vitrais em igrejas: “pela primeira vez a cabeleira dourada do sol resplandece no pavimento de nossa basílica atravessando os vidros pintados com cores diversas”.[10] As técnicas em vitrais tem origem no Oriente e foi introduzida no Ocidente a partir dos vidreiros de Veneza no século X. Na Alemanha a catedral de Augsburgo na Baviera expões seus primeiros vitrais no século XI.[11] Segundo Georges Duby: ‘Deus está mais ou menos velado em cada criatura, consoante ela é mais ou menos refratária à sua iluminação; mas cada criatura o desvenda à sua medida, pois liberta, diante de quem a observar com amor, a parte de luz que tem em si. Esta concepção contém a chave da nova arte, da arte de França, de que a abacial de Suger propõe o modelo. Arte da claridade e de irradiação processiva”.[12]
[1] CRUZ, Murillo. A norma
do novo, Rio de Janeiro:Lumen, 2018, p.240; NASCIMENTO, Marcio; ZANOTTO, Edgar.
On the first patents, key inventions and research
manuscripts about glass science & technology, World Patent Information,
2016, p. 54
[2] NASCIMENTO, Marcio; ZANOTTO, Edgar. On the first patents, key
inventions and research manuscripts about glass science & technology, World
Patent Information, 2016, p. 56
[3] PERROY, Edouard. A
idade média: o período da Europa feudal (sec. XI - XIII), tomo III, v. 2, São
Paulo:Difusão Europeia, 1974, p. 168
[4] MATTHEW, Donald. A
Europa Medieval, v.II. Lisboa :Ed. del Prado, 1996, p.177
[5] GIES,
Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper
Collins, 1994, p. 133
[6] FREMANTLE, Anne. Idade
da fé. Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro:José Olympio,
1970, p.133; MATTHEW, Donald. A Europa Medieval, v.II. Lisboa :Ed. del Prado,
1996, p.177
[7] WESTWOOD, Jenifer.
Lugares Misteriosos, Vol. 1, São Paulo:Ediciones del Prado, 1995, p. 24
[8] DELUMEAU, Jean. A
civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.I, p.194
[9] TOMA, Henrique. O mundo
manométrico, São Paulo:USP, 2009, p.54
[10] FRUGONI, Chiara.
Invenções da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 2007, p. 28
[11] TATON, René. A ciência
antiga e medieval: as ciências antigas do Oriente, tomo I, livro 1, Sâo
Paulo:Difusão Europeia, 1959, p. 204
Nenhum comentário:
Postar um comentário