Jaime Cortesão destaca o papel ilustrado de Alexandre
de Gusmão em considerar a ciência dos conhecimentos geográficos e históricos
como fundamento para a política, colocando no centro das ações a ciência tal
como posteriormente fisiocratas franceses e enciclopedistas franceses, tais
como Montesquieu, Turgot e Quesnay se destacariam posteriormente nesta
integração entre política e ciência da qual Alexandre Gusmão foi pioneiro: “torna-se
necessário situar esse conceito na história das ideias durante o século XVIII
para nos darmos conta de quanto ele é novo e contém em si germes
revolucionários”.[1] Para
auxiliar nessa tarefa de cartografia o governador do Rio de Janeiro contará com
auxílio do engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim, o governador do Maranhão
Pará com o cartógrafo José Gonçalves da Fonseca, o governador de Goiás contará
com o suporte de Francisco Tosi Colombina enquanto que o governador de Mato
Grosso, Antonio Rolim de Moura é também engenheiro.[2] Estes
exemplos mostram que as necessidades de cartografia contribuíram para
transformar as Academias Militares em “viveiro de engenheiros, geógrafos e
cartógrafos”.[3] Jaime Cortesão[4] mostra que os interesses de D. João V não era o de promover a ciência mas políticos:
“Ele não fundara uma Academia de Ciências como a de Paris ou Londres. Mas de
História (Academia Real de História Portuguesa em 1720). E, em primeiro lugar,
eclesiástica. Não lhe importava, como um fim supremo, a busca da verdade e da
explicação científica do universo. Mas a valorização moral do português, nas
suas relações com Deus. A astronomia não passava aos seus olhos dum instrumento
de expansão do seu Império e da sua Fé, bases transcendentes e incomparáveis do
seu trono de monarca absoluto”. Deste movimento, posteriormente Alexandre de
Gusmão funda uma escola de astronomia aplicada à geografia e cartografia
trazendo da Itália o professor Miguel Ciera [5] que
chegou em Lisboa em 1751 como um dos mestres renovadores dessa cultura que
formaria vários portugueses e brasileiros que teriam um papel importante na
execução do Tratado de Santo Ildefonso em 1777.[6] Na
análise de Jaime Cortesão: “polígrafo, de aptidões múltiplas e curiosidades
inesgotáveis Alexandre de Gusmão entregou-se, como os grandes espíritos do
Renascimento e das épocas renovadoras, em geral, a todas as preocupações da sua
época. O seu discurso de entrada na Real Academia é uma obra prima no gênero,
que só por si, anuncia um historiador, animado pelo mais avançado espírito do
seu tempo. Homem de ciência, apaixonado pela filosofia experimental e o
conhecimento das leis da Natureza, nas suas relações com a política, promove
por todos os meios o estudo da geografia da América do Sul e ele próprio funda
nesses novos conhecimentos e compreensão geopolítica da divisão das soberanias
e dos Estados no continente”.[7]
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