Já em 2500 a.c. os mesopotâmios fabricavam vidro e uma inscrição de 1700 a.c. revela os segredos de sua técnica[1]. Em 1000 a.c. a Mesopotâmia já dominava a técnica de vidrado cerâmico.[2] Uma vasilha datada do século XV a.c. foi encontrada em Tell al Rimah.[3] Diversos textos mesopotâmicos, como textos médicos e de fabricação de vidro do século VIII a.c preservam a recomendação para preservação dos segredos de ofícios: “aquele que sabe pode mostrar ao que sabe, mas aquele que sabe não deve mostrar ao que não sabe”. [4] Mircea Eliade destaca receitas de técnicas mesopotâmicas do século XVIII a.c. que eram escritas na “linguagem secreta” eram lidas apenas pelos iniciados.[5] Plínio atribui erradamente a invenção do vidro aos fenícios, pois os egípcios já faziam uso do vidro opaco no Médio Império ou Primeiro Império Tebano (2100-1750 a.C.)[6], contudo, os fenícios produziam vidro transparente o que levou a fama de cidades estados autônomas como Sidon e Tiro.[7] Segundo o relato de Plínio em História Natural (livro 36.65)[8] a invenção do vidro foi ocasional realizada na Síria (atual norte de Israel sul do Líbano) junto ao monte Carmelo por alguma comerciante de soda que ao atracar seu barco em alguma praia. Como não havia pedras para apoiar seus caldeirões, os apoiaram em pedaços de soda que pegara de seu carregamento. Quando estes se aqueceram e misturaram com a areia formaram um estranho líquido que começou a escorrer e ao esfriar formava vidro. Tal versão contudo não é comumente aceita como historicamente precisos e atualmente os estudiosos acreditam que o vidro foi descoberto como um subproduto da metalurgia ou de uma evolução no desenvolvimento de materiais cerâmicos[9]. O Oriente Próximo já no quinto milênio a.c. conheciam algumas pedras vítreas como o quartzo e a esteatita. Os egípcios na mesma época conhecida a “faiança egípcia” feita de quartzo moído.[10]
[1] KRAMER, Samuel. Mesopotãmia
o berço da civilização, Rio de Janeiro: José Olympio, 1983, p. 154
[2] HODGES, Henry. Technology in the ancient world, New York: Barnes &
Noble Books, 1970, p. 147
[3] ROAF, Michael. Mesopotãmia
v.I, Lisboa:Ed. Del Prado, 1996, p. 125
[4] ELIADE, Mircea.
Ferreiros e alquimistas. Rio de Janeiro:Zahar, 1979, p.111
[5] ELIADE, Mircea.
Ferreiros e alquimistas. Rio de Janeiro:Zahar, 1979, p.127
[6] CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books,
1963, p. 79
[7] MATTOSO, Antonio.
História da civilização, Lisboa:Ed Sá da Costa, 1952, p.174; HERRMANN, Paul. As primeiras conquistas. São
Paulo:Boa Leitura Editora, 3ª edição, p. 69
[8] http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.02.0137%3Abook%3D36%3Achapter%3D65
[9] S. C. Rasmussen, How Glass
Changed the World, SpringerBriefs in History of Chemistry, 2012 https://beckassets.blob.core.windows.net/product/readingsample/10075950/9783642281822_excerpt_001.pdf
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