domingo, 25 de julho de 2021

A invenção do canhão

 

Alguns historiadores se referem ao uso de canhões pelos tártaros, tecnologia adquirida dos chineses Sung por volta de 1232 e que usaram tais armas em 1241 na batalha de Mohi ou batalha do rio Sajo na Hungria entre os mongóis e húngaros durante a invasão mongol da Europa.[1] No cerco de Calais em 1347 o rei Eduardo III usou canhões para bombardear as muralhas.[2] Em 1370 o monge e alquimista Berthold Schwarz fez experiências com a pólvora e desenvolveu os primeiros canhões. René Tatton data os primeiros canhões de 1319. [3] Schwarz foi acusado de magia e julgado pelo Tribunal da Inquisição.[4] Segundo Jérome Baschet na idade Média “a natureza não é, então, dissociada do sobrenatural; ela é, ao contrário, impregnada dele”.[5] A invenção logo se difundiu. O Satens Historika Museum em Estocolmo guarda o canhão Morko fabricado em 1390.[6] Um documento florentino de 1326 descreve a aquisição de um canhão pelas autoridades municipais.[7] Na Alemanha o monge Bertoldo de Freitag inventou um canhão em 1314. Com a invenção dos canhões os castelos fortificados, que começaram a surgir a partir do século X[8], mostraram-se ineficientes diante do novo armamento e deixaram de seu construídos.[9] A cidade inexpugnável da idade média teve de buscar novas fortificações e contratar soldados que dessem combate ao inimigo em campo aberto como na defesa de Milão por Próspero Colonna em 1521.[10] Constantinopla fortificada por enormes muralhas[11] foi atacada em 1453 pelo sultão turco Maomé II com sessenta e oito canhões incluindo um enorme de 76 centímetros  de diâmetro do cano e que destruíram suas muralha[12]. Os canhões foram também usados no cerco de Orleans em 1428 em que os ingleses atacaram a cidade francesa.[13] Somente no século XVI com a fundição do bronze e o suporte móvel os canhões passaram a ser usados nos exércitos.[14]



[1] SELBOURNE, Jacob. Cidade da Luz, Rio de Janeiro: Imago, 2001, p. 296

[2] MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 125

[3] TATON, René. A ciência antiga e medieval: a Idade Média, tomo I, v.III, São Paulo:Difusão, 1959, p. 145

[4] Uma breve história das descobertas: da antiguidade ao século XX, São Paulo:Escala, 2012, p. 35

[5] BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América, São Paulo:Globo, 2006, p.544

[6] MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p. 125

[7] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins, 1994, p. 207

[8] MORTIMER, Ian. Séculos de transformações. Rio de Janeiro:DIFEL, 2018, p.46

[9] GOFF, Jacques. A idade média explicada aos meus filhos, Rio de Janeiro:Agir, 2007, p. 43

[10] MUMFORD, Lewis. A cidade na história, São Paulo:Martins Fontes, 1982, p. 389

[11] PHILLIPS, Ellen, Viagens de descobrimento 1400-1500, Rio de Janeiro:Time Life, 1991, p.83

[12] CAMP, Sprague de. O homem e a energia, v.II, Rio de Janeiro:Ao Livro Técnico, 1968, p.116; CAMP, L. Sprague de. The ancient engineers, New York: Ballantine Books, 1963, p. 365; GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins, 1994, p. 248

[13] FREMANTLE, Anne. Idade da fé. Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro:José Olympio, 1970, p.156

[14] FOSSIER, Robert. O trabalho na idade média. Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 220



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