Dom
Raimundo de Toledo foi um monge beneditino que atuou como arcebispo de Toledo
de 1125 a 1152 quando pode fundar a Escola de Tradutores de Toledo que
trabalhou na tradução na biblioteca da Catedral de Toledo, principalmente do árabe
para o latim, onde liderou uma equipe de tradutores que incluíram moçárabes
toledanos, judeus e monges da Ordem de Cluny.[1] Uma das primeiras obras a ser traduzida na Escola de Toledo foi o Cânone da
Medicina do sábio persa Ibn Sina (980-1037), conhecido no Ocidente pelo
nome latinizado Avicena, tendo a cidade atingido seu ápice com centro de
tradutores com o rei de Leão e Castela, Afonso X, o Sábio (1221-1284) que
coordenou a tradução dos Libros del saber de Astronomia, monumental obra
enciclopédica da astronomia medieval que
teve como colaboradores os judeus Samuel el Levi, Rabiçag ben Cayut, Rabiçag de
Toledo e Yohuda ben Mose e os cristãos João de Messina e João Cremona.[2] Gerardo de Cremona permaneceu na Espanha no século XII na Escola de Toledo para
traduzir mais de setenta textos árabes[3].
Gerardo de Cremona traduziu do árabe diversas obras científicas de Aristóteles[4].
As obras lógicas e a Metafísica de Aristóteles, contudo, já eram conhecidas do
Ocidente, pelos comentários feitos por exemplo por Clemente de Alexandria
(Stromata Livro VI)[5] e
Isidoro de Sevilha[6] entre
outros, embora sem o aprofundamento exegético do século XII em parte em função
das traduções mais confiáveis. No século XII entre outros tradutores que
trabalharam tanto em cidades da Espanha como Toledo e Saragoça como no sul da
França destacam-se também os ingleses Adelardo de Bath, Robert de Keatton,
Robert Chester (que em 1145 traduziu o livro de de Al Khwarizmi e que latinizou
o termo al-jabr para álgebra[7]),
os italianos Gerardo de Cremona e Plato / Platão de Tívoli, o austríaco Hermano
Dalmata de Caríntia e o holandês Rodolfo de Bruges.[8] Daniel Boorstin observa como muitas vezes o trabalho dos tradutores não é
reconhecido, como no provérbio italiano traduttore,
traditore (“tradutor, traidor”).[9] Padover destaca que a absorção de conhecimentos dos árabes no século XIII foi “em
cima da hora” pois o Oriente muçulmano estava praticamente destruído pela
invasão dos mongóis que criou um vasto império que se estendeu por toda a
Eurásia. [10]
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