segunda-feira, 14 de junho de 2021

Primeiros passos da tipografia no Brasil

 

Em 1808 com a vinda da família real foi criada a Imprensa Régia mas já em 1806 Diogo Pereira Ribeiro de Canto publicou “Canto em XX oitavas em homenagem ao governador e capitão general da capitania de Minas Gerais”, um folheto impresso pelo padre Joaquim José Viegas de Menezes.  A primeira publicação da Imprensa Régia, ou Impressão Régia, foi a Relação de Despachos da Corte de caráter administrativo. [1] Marcos de Noronha e Brito, o oitavo conde de Arcos e governador da capitania na Bahia inaugurou a primeira oficina tipográfica em 1811 sob iniciativa privada do comerciante português Manoel Antonio da Silva Serva que comprara na Inglaterra em 1809 um prelo Stanhope de ferro, o mais moderno da época.[2] Os redatores eram o bacharel português Diogo Soares da Silva e padre Inácio José de Macedo. A 14 de maio de 1811, começava então a circular a Idade d’Ouro do Brazil, título em referência ao período joanino, com tiragem de duzentos exemplares por edição. Embora o jornal oficial a Gazeta do Rio de Janeiro publicado a partir de 1808 fosse a fonte de informações para a Idade d’Ouro, suas notas oficiais não podiam ser replicadas da íntegra pela folha baiana, pois lesariam o monopólio da Impressão Régia. Nelson Werneck Sodré, em sua “História da imprensa no Brasil”, destaca o servilismo da Idade d’Ouro do Brazil a Portugal denominado tal periódico de “órgão do pior oficialismo que durou até 1823 naufragando com a derrota do general Madeira e a expulsão das forças portuguesas da Bahia. Por doze anos, coerentemente, sustentou a posição defendida pelos dominadores lusos. Chegou a ser tão odiado por isso que o livreiro Paul Martin, seu agente no Rio, desistiu de vende-lo”.[3] Em 1811 Henry Koster destaca sua surpresa em não encontrar numa cidade grande como Recife nenhuma tipografia nem um mercado de livros.[4]

[1] LAGO, Pedro Correa. Brasiliana IHGB 175 anos, Rio de Janeiro:Capivara, 2014, p. 168

[2] VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História geral do Brasil, São Paulo:Melhoramentos, 1948, v. V, p. 102

[3] SODRE, Nelson Werneck. A história da imprensa no Brasil, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966, p. 35; https://bndigital.bn.gov.br/artigos/acervo-da-bn-a-idade-douro-do-brazil-de-manoel-antonio-da-silva-serva/

[4] FIORE, Elizabeth. Presença britânica no Brasil (1808-1914). São Paulo:Pau Brasil, 1987, p. 57



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