domingo, 13 de junho de 2021

Invenções na idade media

 

Um inventor construiu as primeiras pontes pênseis conhecidas unindo Milão e os vales do Reno e Danúbio.[1] Em Liège no século XII os mineiros já haviam adquirido notável habilidade na técnica de furar galerias subterrâneas, e de escavação de poços (bures) e drenar água das hulheiras. [2] Em 1126 em Artois na França os monges cartuxos escavam o primeiro poço para extração de água usando uma técnica de perfuração baseada na percussão, uma sucessão de golpes sobre uma ferramenta em forma de cilindro de perfuração, e que ficou conhecido como poço artesiano (na figura).[3] Agricola refere-se ao uso de moinhos na mineração em 1435 porém este uso era certamente bem anterior[4]. Em 1086 o inventário do Domesday Book (o “livro do Juízo Final”), guardado nos Arquivos Públicos em Londres, promulgado por Guilherme o Conquistador[5] para apurar o quanto de território teria e a quantidade de imposto que deveria ser cobrada, aponta em seu recenseamento 5624 moinhos hidráulicos na Inglaterra, mais ou menos um para cada povoado ou aldeia[6], muitos destes eram alugados. David Lynn observa que nesta época não há nenhuma razão para se acreditar que a Inglaterra fosse tecnologicamente mais desenvolvida que o continente. Em 1008 uma doação de propriedades no monastério em Milão menciona o uso de moinhos para moer grãos[7]. Um moinho hidráulico para moer casca de carvalho par se obter tanino para curtumes é datado de 1138 na Ile de France[8]. No século IX nas terras da abadia de Saint Germain des Prés haviam 59 moinhos d’água[9]. O moinho d’agua torna-se nos séculos X e XI parte integrante da paisagem rural ocidental.[10]


[1] PIRENNE, Henri. História econômica e social da Idade Média, São Paulo. Ed. Mestre Jou, 1978, p. 93

[2] PIRENNE, Henri. História econômica e social da Idade Média, São Paulo. Ed. Mestre Jou, 1978, p. 160

[3] GIES, Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins, 1994, p. 112

[4] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.68

[5] ROUCHE, Michel. Alta idade média ocidental. In: ARIÉS, Philippe; DUBY, Georges. História da vida privada: do império romano ao ano mil, v.1, São Paulo:Cia das Letras, 1990, p.503; MAITLAND, F. Domesday Book and beyond, 1897, cf. BURKE, Peter. A escola dos Annales 1929-1989: a revolução francesa da historiografia, São Paulo:Unesp, 1997, p.35; LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p. 86, 199

[6] FOSSIER, Robert. O trabalho na idade média. Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 81; LACEY, Robert; DANZIGER, Danny. O ano 1000: a vida no final do primeiro milênio. Rio de Janeiro:Campus, 1999, p.104; DUBY, Georges. Guerreiros e camponeses: os primórdios do crescimento econômico europeu, sec VII - XII, Lisboa: Editorial Estampa, p.203; MOKYR, Joel. The lever of riches: technological creativity and economic progress, New York:Oxford University Press, 1990, p.34; WHITE, Lynn. Medieval technology & social change. Oxford University Press, 1964, p.64, 84; GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.17; SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.611; BRAUDEL, Fernand. Civilização material e capitalismo, séculos XV-XVIII, Rio de Janeiro:Cosmos, 1970, p.295; BURKE, Peter. Uma história social do conhecimento, Rio de Janeiro:Zahar, 2003, p.111; BONILLA, Luis. Breve historia de la técnica y del trabajo, Madrid:Ed. Istmo,1975, p.145; SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.IV, Oxford, 1958, p.199; DELORT, Robert. La vie au moyen age, Lausanne:Edita, 1982, p.127; DERRY, T.; WILLIAMS, Trevor. Historia de la tecnologia: desde la antiguidade hasta 1750, Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.51, 365; GILLE, Bertrand. O moinho d’água uma revolução técnica medieval. In: GAMA, Ruy. História da técnica e da tecnologia, São Paulo:Edusp, 1985, p. 119; FREMANTLE, Anne. Idade da fé. Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro:José Olympio, 1970, p.143

[7] WHITE, Lynn. Medieval technology & social change. Oxford University Press, 1964, p.83

[8] GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.19

[9] GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.16; LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p. 182

[10] BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América, São Paulo:Globo, 2006, p.106; HODGETT, Gerald. História social e econômica da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1975, p.222



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Doação de Constantino

  Marc Bloch observa a ocorrência de falsificações piedosas tais como a pseudo doação de Constantino ( Constitutum Donatio Constantini ) ao ...