Um inventor construiu as primeiras pontes pênseis conhecidas unindo Milão e os vales do Reno e Danúbio.[1] Em Liège no século XII os mineiros já haviam adquirido notável habilidade na técnica de furar galerias subterrâneas, e de escavação de poços (bures) e drenar água das hulheiras. [2] Em 1126 em Artois na França os monges cartuxos escavam o primeiro poço para extração de água usando uma técnica de perfuração baseada na percussão, uma sucessão de golpes sobre uma ferramenta em forma de cilindro de perfuração, e que ficou conhecido como poço artesiano (na figura).[3] Agricola refere-se ao uso de moinhos na mineração em 1435 porém este uso era certamente bem anterior[4]. Em 1086 o inventário do Domesday Book (o “livro do Juízo Final”), guardado nos Arquivos Públicos em Londres, promulgado por Guilherme o Conquistador[5] para apurar o quanto de território teria e a quantidade de imposto que deveria ser cobrada, aponta em seu recenseamento 5624 moinhos hidráulicos na Inglaterra, mais ou menos um para cada povoado ou aldeia[6], muitos destes eram alugados. David Lynn observa que nesta época não há nenhuma razão para se acreditar que a Inglaterra fosse tecnologicamente mais desenvolvida que o continente. Em 1008 uma doação de propriedades no monastério em Milão menciona o uso de moinhos para moer grãos[7]. Um moinho hidráulico para moer casca de carvalho par se obter tanino para curtumes é datado de 1138 na Ile de France[8]. No século IX nas terras da abadia de Saint Germain des Prés haviam 59 moinhos d’água[9]. O moinho d’agua torna-se nos séculos X e XI parte integrante da paisagem rural ocidental.[10]
[1] PIRENNE, Henri.
História econômica e social da Idade Média, São Paulo. Ed. Mestre Jou, 1978, p.
93
[2] PIRENNE, Henri.
História econômica e social da Idade Média, São Paulo. Ed.
Mestre Jou, 1978, p. 160
[3] GIES,
Frances & Joseph. Cathedral, forge and waterwheel, New York: Harper Collins,
1994, p. 112
[4] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford,
1956, p.68
[5] ROUCHE, Michel. Alta
idade média ocidental. In: ARIÉS, Philippe;
DUBY, Georges. História
da vida privada: do império romano ao ano mil, v.1, São Paulo:Cia das Letras,
1990, p.503; MAITLAND, F. Domesday Book and beyond, 1897, cf. BURKE, Peter. A
escola dos Annales 1929-1989: a revolução francesa da historiografia, São
Paulo:Unesp, 1997, p.35; LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval.
Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p. 86, 199
[6] FOSSIER, Robert. O
trabalho na idade média. Rio de Janeiro: Vozes, 2018, p. 81; LACEY, Robert;
DANZIGER, Danny. O ano 1000: a vida no final do primeiro milênio. Rio de
Janeiro:Campus, 1999, p.104; DUBY, Georges. Guerreiros e camponeses: os
primórdios do crescimento econômico europeu, sec VII - XII, Lisboa: Editorial
Estampa, p.203; MOKYR, Joel. The lever of riches:
technological creativity and economic progress, New York:Oxford University
Press, 1990, p.34; WHITE, Lynn. Medieval technology & social change. Oxford
University Press, 1964, p.64, 84; GIMPEL, Jean. A revolução industrial da Idade Média,
Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.17; SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of
technology, v.II, Oxford, 1956, p.611; BRAUDEL, Fernand. Civilização material e
capitalismo, séculos XV-XVIII, Rio de Janeiro:Cosmos, 1970, p.295; BURKE,
Peter. Uma história social do conhecimento, Rio de Janeiro:Zahar, 2003, p.111;
BONILLA, Luis. Breve historia de la técnica y del trabajo, Madrid:Ed. Istmo,1975, p.145; SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of
technology, v.IV, Oxford, 1958, p.199; DELORT, Robert. La vie au moyen age,
Lausanne:Edita, 1982, p.127; DERRY, T.; WILLIAMS, Trevor. Historia de la
tecnologia: desde la antiguidade hasta 1750, Mexico:Siglo Vintuno, 1981, p.51,
365; GILLE, Bertrand. O moinho d’água uma revolução técnica medieval. In: GAMA,
Ruy. História da técnica e da tecnologia, São Paulo:Edusp, 1985, p. 119;
FREMANTLE, Anne. Idade da fé. Biblioteca de História Universal Life. Rio de
Janeiro:José Olympio, 1970, p.143
[7] WHITE, Lynn. Medieval technology & social change. Oxford University
Press, 1964, p.83
[8] GIMPEL, Jean. A
revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.19
[9] GIMPEL, Jean. A
revolução industrial da Idade Média, Rio de Janeiro:Zahar, 1977, p.16; LE GOFF,
Jacques. A civilização do Ocidente Medieval. Rio de Janeiro:Vozes, 2016, p. 182
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