Frances
Gies mostra que as feiras livres foram uma característica central da Revolução
Conercial na idade média e que se espalhou pelos centros comerciais da Itália,
Flandres, Alemanha e França. Na França em Saint Denis, próximo a Paris, em 635 a
feira anual atraía muitos mercadores e clientes.[1] As feiras de Champagne estabeleciam uma relação entre os Países Baixos e a
Itália desde o século XII até o século XIV. As guildas comerciais surgidas
especialmente após o final do século XII controlam a economia urbana
estabelecendo uma relação direta entre produtores artesãos e meios de produção.
Somente nas cidades flamengas e italianas chegou a surgir um estrato
assalariado de trabalhadores urbanos de certa importância. Em Florença, Basileia,
Estrasburgo e Gand tais guildas de artesãos ocuparam posições importantes no
poder político municipal.[2] Os tecelões mais ricos não somente viajavam às feiras em Champagne para vender
seus tecidos como empregavam tintureiros e tecelões bem como pequenos mestres
de outros ofícios. Uma ordenança de 1270 mostrava uma clara distinção entre
tecelões que distribuíam o trabalho e os mestres tecelões que eram empregados
por eles. As feiras de Champagne pela utilização de letras de crédito exercem
papel fundamental na expansão do comércio medieval[3].
No início do século XIII o rei francês Filipe Augusto deu salvo conduto régio
aos mercadores que se dirigissem para a feira de Champagne. [4] Os condados de Champagne organizam a feira em ciclos anuais de seis feiras
ocupando o ano inteiro.[5] Feria em latim significa dias de
festa ou repouso, ocasião em que os mercadores organizavam suas mercadorias em
praça pública, e que passaram a ser conhecidas como feiras.[6] Em Flandres do século XIV haviam diversas feiras, com as de Ypres, Thourout,
Lille e Messine.[7] As
feiras eram imunizadas pela “paz do mercado” assegurando alojamentos e
armazenamento das mercadorias e pela anulação do aubaine que conferia ao
senhor feudal o direito de se apossar dos bens daquele que morresse em suas
terras.[8] Segundo Jacques le Goff “Há, inicialmente, os salvo-condutos concedidos em
toda a extensão das terras condais. Em seguida, a isenção de todas as taxas
servis sobre os terrenos onde se construíram alojamentos e estabelecimentos
comerciais. Os burgueses foram isentados das talhas e dos foros em troca de
taxas fixas resgatáveis. Os terrádegos e as banalidades foram abolidos ou
limitados consideravelmente. Esses mercadores não estavam sujeitos nem aos
direitos de represailles e de Marque, nem ao direito de aubaine e de épave. Os
condes, sobretudo, asseguravam o policiamento das feiras, controlavam a
legalidade e a honestidade das transações, garantiam as operações comerciais e
financeiras”.[9] No
final do século XIII as feiras entram em declínio com o incremento do comércio
marítimo entre o Norte da Europa e o Mediterrâneo.[10] Pierre Monet mostra o desenvolvimento do sistema de feiras a partir do século
XII e das grandes companhias marítimas de comércio do século XIII para comércio
de longa distância não fez com que desaparecesse o mercador isolado e
itinerante do comércio local.[11]
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