quinta-feira, 17 de junho de 2021

As primeiras tentativas de criação de uma universidade no Brasil

 

Segundo Maria de Lourdes Fávero “em matéria de ensino as diretrizes emanadas da Corte eram feitas como se visassem a estabelecer a rotina; paralisar as iniciativas, em vez de estimulá-las”.[1] Mesmo após a independência esta condição de atraso na educação se prolongou de modo que ao final do Império em 1879 o Brasil tinha seis instituições de ensino superior sendo que nenhuma universidade, ou seja, as Faculdades de Direito de São Paulo e do Recife; as Faculdades de Medicina do Ru de Janeiro e da Bahia; a Escola Politécnica do Rio de Janeiro e a Escola de Minas de Ouro Preto. Em 1822 o deputado Muniz Tavares (na figura) apresentou proposição na Corte em Lisboa para a criação de uma universidade no Brasil, tendo como resposta da maioria portuguesa daquela Assembleia que "algumas escolas primárias bastariam para o Reino Americano"[2]. Em São Paulo Fernandes Pinheiro formulou na Constituinte de 1824 a proposta de uma universidade mas encontrou a resistência de José da Silva Lisboa mais tarde Visconde de Cairu a quem não agradava o sotaque dos paulistas: “a mocidade do Brasil fazendo aí os seus estudos, encontraria pronúncia muito desagradável”. De qualquer forma a Constituinte viria a ser dissolvida por Pedro I.[3] Na Bahia por diversas vezes, sem sucesso, foi pedido elevar ao estatuto de universidade o colégio local dos jesuítas por oposição dos jesuítas da Universidade de Coimbra. A primeira petição da Câmara da Bahia data de 20 de dezembro de 1662, sendo uma segunda petição encaminhada em 1671 “para conferir graus universitários aos estudantes de teologia” de modo que não fosse necessário enviar seus filhos para se formar em Coimbra.  Segundo Charles Boxer: “Essa atitude mesquinha em relação ao ensino das colônias contrasta desfavoravelmente com a dos monarcas espanhóis, que encorajaram a fundação de universidades no Novo Mundo no século XVI (a universidade Santo Tomás de Aquino em Santo Domingo, 1538; a Real y Pontificia Universidad de México na Cidade do México, 1551; a universidade de São Marcos em Lima, 1571; ao todo 21 universidades no período colonial)”.[4]

[1] FÁVERO, Maria de Lourdes. Universidade do Brasil das origens à construção. Rio de Janeiro:UFRJ, 2000, p.9, 24

[2] VIANNA, Helio. História do Brasil, segunda parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.50 https://www2.camara.leg.br/a-camara/conheca/historia/presidentes/francisco_tavares.html

[3] TOLEDO, Roberto Pompeu de. A capital da solidão, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 335

[4] BOXER, Charles. O império colonial português, Lisboa: Edições 70, 1969, p. 328



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