Segundo Maria de Lourdes Fávero “em matéria de ensino as diretrizes emanadas da Corte eram feitas como
se visassem a estabelecer a rotina; paralisar as iniciativas, em vez de
estimulá-las”.[1] Mesmo após a independência esta condição de atraso na educação se prolongou de
modo que ao final do Império em 1879 o Brasil tinha seis instituições de ensino
superior sendo que nenhuma universidade, ou seja, as Faculdades de Direito de
São Paulo e do Recife; as Faculdades de Medicina do Ru de Janeiro e da Bahia; a
Escola Politécnica do Rio de Janeiro e a Escola de Minas de Ouro Preto. Em 1822
o deputado Muniz Tavares (na figura) apresentou proposição na Corte em Lisboa para a
criação de uma universidade no Brasil, tendo como resposta da maioria
portuguesa daquela Assembleia que "algumas escolas primárias bastariam
para o Reino Americano"[2]. Em São
Paulo Fernandes Pinheiro formulou na Constituinte de 1824 a proposta de uma
universidade mas encontrou a resistência de José da Silva Lisboa mais tarde
Visconde de Cairu a quem não agradava o sotaque dos paulistas: “a mocidade
do Brasil fazendo aí os seus estudos, encontraria pronúncia muito desagradável”.
De qualquer forma a Constituinte viria a ser dissolvida por Pedro I.[3] Na Bahia
por diversas vezes, sem sucesso, foi pedido elevar ao estatuto de universidade
o colégio local dos jesuítas por oposição dos jesuítas da Universidade de
Coimbra. A primeira petição da Câmara da Bahia data de 20 de dezembro de 1662,
sendo uma segunda petição encaminhada em 1671 “para conferir graus
universitários aos estudantes de teologia” de modo que não fosse necessário
enviar seus filhos para se formar em Coimbra. Segundo Charles Boxer: “Essa atitude
mesquinha em relação ao ensino das colônias contrasta desfavoravelmente com a
dos monarcas espanhóis, que encorajaram a fundação de universidades no Novo
Mundo no século XVI (a universidade Santo Tomás de Aquino em Santo Domingo, 1538;
a Real y Pontificia Universidad de México na Cidade do México, 1551; a
universidade de São Marcos em Lima, 1571; ao todo 21 universidades
no período colonial)”.[4]
[1] FÁVERO, Maria de
Lourdes. Universidade do Brasil das origens à construção. Rio de Janeiro:UFRJ,
2000, p.9, 24
[2] VIANNA, Helio. História
do Brasil, segunda parte, período colonial. São Paulo: Melhoramentos, 1972, p.50
https://www2.camara.leg.br/a-camara/conheca/historia/presidentes/francisco_tavares.html
[3] TOLEDO, Roberto Pompeu
de. A capital da solidão, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 335
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