Oliveira
Marques mostra que D. Manuel começou seu reinado (1495-1521) libertando os
judeus cativos, porém, em 1497 decidiu-se pela expulsão aos que não aceitassem
a conversão ao catolicismo. Os cristãos novos não seriam incomodados oficialmente
até 1534[1] Desde a expulsão dos judeus da Espanha e 1492 aumentara muito o número de
judeus em Portugal e logo se manifestariam as perseguições. O rei instituiu a
cobrança de dois escudos por cada imigrante, para que pudessem permanecer em
Portugal por oito meses. Os judeus ilegais eram enviados para o desterro nas ilhas
de S. Tomé e Príncipe. No capítulo 59 do Shebet Yehudá, Salomão Ibn Verga no Shebet
Yehudá descreve o traslado de crianças judias a São Tomé: Quem não assistiu
estas terríveis cenas de prantos, choros e gritos de mulheres, jamais haverá
visto nem escutado em vida, tamanha preocupação e desconsolo. E ninguém consola
e ninguém protege ou defende”. Na obra martirológica Emeq Ha-Baqa (Vale das
Lágrimas), o cronista Yosef Ha-Cohen (1496-1575) narra as perseguições
enfrentadas pelos judeus desde as origens até a época da publicação de sua
crônica, em 1575. No capítulo 27 da obra Consolaçam as Tribulações de Israel,
Samuel Usque (1530-1596) cita o traslado forçado de crianças judias a São Tomé
no tempo de D. João II rei de Portugal de 1481 a 1495[2].
Oliveira Martins mostra que a ambição de D. Manuel de unir os reinos ibéricos,
levou-o a ceder às exigências dos reis católicos espanhois, de modo que numa
das cláusulas do seu contrato de casamento com a herdeira de Espanha, Isabel de
Aragão em 1497 era prevista, como presente de bodas, a expulsão dos infiéis
(mouros e judeus) do reino de Portugal.[3] Em abril de 1497 novas ordens expedidas
para todo o reino para que se encaminhasse os filhos menores de quatorze anos
dos judeus que tivessem se recusado em batizar seus filhos para que fossem
distribuídos pelas cidades, vilas e aldeias entregando-os a famílias que as educassem na vida cristã: “Eu
próprio vi – dizia, mais de trinta anos depois, um prelado venerável – os pais
com as cabeças metidas nos capuzes, em sinal de suprema dor e luto, que conduziam os seus filhos à
cerimônia do batismo, protestando e chamando a Deus por testemunha de que eles,
pais e filhos, queiram morrer na lei de
Moisés”[4]. Em
1531 uma bula papal nomeava Diogo da Silva como inquisidor no reino de Portugal
e seus domínios. [5]
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