quinta-feira, 10 de junho de 2021

A indústria da seda florentina medieval

 

As duas maiores indústrias medievais foram a têxtil com centros em Flandres, Yres, Gand, Bruges, na Itália em Florença e Milão e na Inglaterra e a indústria de construção. Segundo Jean Gimpel: “na Europa, em todos os domínios, a Idade Média desenvolveu mais do que qualquer outra civilização o uso de máquinas”.[1] Em Bruges os mercadores reunidos formam a borse, borsa, bolsa, o embrião do que viria a se transformar a bolsa de valores. [2] O filatório ou torcitório com a forma de uma lanterna rotativa equipada com volantes foi inventada em Lucca e Bolonha no século XIV com a finalidade de enrolar o fio de seda.[3] No século XV, uma espionagem industrial do moinho bolonhês foi produzido por industriais da região do Piemonte onde a máquina ganhou melhorias tendo sido destaque na Encyclopédie de Diderot. Moinhos do século XIII em Bolonha era usados em máquinas de tear com rodas (spindle wheel)[4], como o moinho inventado por Borghesano em 1272.[5] Tais inventos eram cercados de segredo, embora um manuscrito florentino de 1487 faça referência a tais mecanismos, alcançando segundo Charles Singer uma “notável façanha de mecanização”. Montaigne observa em 1581 o uso de teares mecânicos em Florença operados com auxílios de maquinismos que permitem uma mulher torcer e operar quinhentos fusos, enquanto outros teares eram movidos por rodas hidráulicas.[6] O comércio de tecidos florentinos como sedas e panos era financiado pelos Medicis[7]. A seda e a lã contribuíram para tornar Florença uma das mais ricas cidades da Europa medieval e que levou as corporações de ofícios a tornarem-se elemento principal na política e na vida cívica da cidade.[8]



[1] JUNIOR, Hilário Franco. A idade média nascimento do Ocidente. São Paulo:Brasiliense, 1986, p. 53

[2] CAMERON, Rondo. A concise economic history of the world, New York:Oxford University Press, 1998, p.128

[3] ELVIN, Mark. A China como contrafatual. In: BAECHLER, Jean. Europa e ascenção do capitalismo, Rio de Janeiro: Imago, 1989, p. 119

[4] SINGER, Charles; HOLMYARD, E. A history of technology, v.II, Oxford, 1956, p.205

[5] USHER, Abbott. Uma história das invenções mecânicas, Campinas:Papirus, 1993, p. 362

[6] DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.I, p.173

[7] DELUMEAU, Jean. A civilização do Renascimento, Lisboa:Estampa, 1984, v.I, p.225

[8] LOON, Hendrick van. As artes. Porto Alegre:Edição da Livraria do Globo, 1941, p. 241



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