Na expedição de cerca de quatrocentas pessoas que vieram com Martim Afonso de Sousa, Varnhagen descreve a relativa facilidade com que se fazia o alistamento dos marinheiros, todos na esperança de que “dentre em pouco volveriam a ela [Portugal] com grossos cabedais, com rios de prata”.[1] Roberto Pompeu Toledo mostra que ao não trazer nenhuma mulher entre os tripulantes a expedição somente precariamente pode ser vista como colonizadora, sendo seu objetivo imediato a busca de ouro que se acreditava existir na região do Prata[2]. Martim Afonso que chegara a São Vicente próximo a Santos no litoral paulista em 22 de janeiro de 1532 e coordenou em 22 de agosto de 1532 as primeiras eleições populares do Brasil e das Américas, instalando a primeira Câmara de Vereadores no território americano, mesmo em um povoamento que segundo o cosmógrafo Alonso de Santa Cruz, que passou em São Vicente em 1530, tinha algo em torno de dez casas. Segundo narrativa de seu irmão Pero Lopes de Sousa: “A todos nos pareceu tão bem esta terra, que o capitão irmão determinou de a povoar, e deu a todos os homens terras para fazerem fazendas; e fez uma vila na ilha de São Vicente e outra nove léguas dentro pelo sertão, à borda de um rio que se chama Piratininga; e repartir a gente nestas duas vilas e fez nelas oficiais, e pôs tudo em boa ordem de justiça, de que a gente tomou muita consolação com verem povoar vilas e ter leis e sacrifícios, e ser cada um senhor do seu”.[3] Martin Afonso de Sousa voltou à Lisboa em meados de 1533 não retornando mais o Brasil deixando a cargo do padre Gonçalo Monteiro o governo da vila de São Vicente e nomeando João Ramalho como capitão mor “da borda e dalém campo”. [4]
[1] TOLEDO, Roberto Pompeu
de. A capital da solidão, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 38
[2] TOLEDO, Roberto Pompeu
de. A capital da solidão, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 57
[3] VIANNA, Helio. História do Brasil, primeira parte, período colonial. São Paulo:
Melhoramentos, 1972, p.60
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